Otávio Augusto
postado em 03/02/2019 08:00
Agentes da Vigilância Ambiental estão preocupados com o percentual de recusa e de imóveis fechados durante a inspeção de combate ao mosquito Aedes aegypti ; transmissor da dengue, zika e chicungunha. Na capital federal, nesta época do ano, o índice chega a 12%, acima do recomendado pelo Ministério da Saúde. Em alguns locais, como no Lago Norte, onde a situação é pior, a taxa ultrapassa 15%. Na tentativa de atenuar o problema, a Secretaria de Saúde pretende treinar funcionários da limpeza, serviços gerais e zeladores de condomínios verticais e horizontais para reforçar o controle.
Em meados de fevereiro, o Executivo local pretende iniciar os primeiros treinamentos, adiantou ao Correio o diretor da Vigilância Ambiental, Petronio Lopes. A ideia é que não se gere custos adicionais para a Secretaria de Saúde. Os profissionais serão recrutados por síndicos e prefeitos de quadra para participar do projeto após negociação com os empregadores e a Vigilância Epidemiológica.
Em alguns endereços estudados pela Secretaria de Saúde, o grupo a ser capacitado pode chegar a 18 pessoas. ;Nossa parte é fazer o treinamento biológico do vetor e o trabalho de campo, com o intuito de que os servidores façam a inspeção na sua área de trabalho. Eles devem ser multiplicadores do controle do Aedes;, explica.
Petronio alerta que, apesar de a população estar mais atenta, é preciso reforçar os acessos dos agentes junto à comunidade. ;Precisamos entrar nas casas. Temos crachá, uniforme e carteirinha funcional. As pessoas não podem deixar de receber os agentes do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Ambiental. Esse é um trabalho para o coletivo;, acrescenta. Segundo o diretor, no período de férias, o problema se agrava por muitas famílias viajarem.
O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde mostra que, na primeira quinzena de 2019, houve um aumento de 11,2% dos casos prováveis de dengue. Este ano, 99 pessoas adoeceram, ante 89 no mesmo período de 2018 (veja quadro). Ainda é cedo para dizer como a doença vai afetar a cidade, mas é preciso atenção. Nunca estamos na zona de conforto, temos dado respostas para o problema, mas temos que ser vigilantes na nossa própria casa;, reforça Petronio.
A precaução com o combate ao mosquito ganha fôlego nesta época do ano, por ser o período mais crítico. As chuvas de verão ; a estação se estende até 20 de março ;, aliada ao desleixo da população aumenta a possível criação de novos focos. A combinação água parada e calor é a ideal para a reprodução do Aedes. Os ovos do mosquito sobrevivem até um ano, mesmo em locais sem nenhuma umidade.
É de novembro de 2018 o mais recente monitoramento de infestação do mosquito na cidade. A Fercal e o Lago Norte são as cidades com os maiores índices. Na próxima semana, o Lago Norte receberá ações como a instalação de armadilhas para a captura de larvas e de mosquitos adultos. ;Fizemos fumacê nessas regiões. Estamos retomando o uso das armadilhas e monitoramos as cidades;, conclui Petronio. No último fim de semana, Arapoanga e Planaltina foram visitados por agentes ambientais.
Alerta
Em 2018 o Centro-Oeste teve o maior número de casos de dengue do país: 93 mil. As regiões Sudeste (68 mil), Nordeste (66), Norte (16) e Sul (2,9 mil) completam o ranking. Segundo projeção do Ministério da Saúde, mais de 500 cidades correm risco de surto da doença este ano. O DF está entre elas. A consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Eliana Bicudo, ressalta que os números exigem atenção. ;Os moradores do DF devem ficar em sinal de alerta. É trabalho de todos fazer a prevenção;, avisa.
A especialista alerta para os três sinais importantes das doenças transmitidas pelo Aedes ; febre, dor muscular e manchas vermelhas pelo corpo ; e faz uma recomendação: ;Esse conjunto clínico, a suspeita sempre será dengue, zika ou chicungunha. Sempre é importante procurar o médico e jamais se automedicar. O que a pessoa deve fazer até chegar ao hospital é controlar a febre e hidratar o corpo;.
Os esforços são para manter o baixo índice de transmissão das doenças. Em 2018, a dengue, por exemplo, infectou 40% menos moradores do DF. O combate exige o engajamento popular e ações simples, como limpar calhas, bueiros, ralos, vedar reservatórios de água, e não deixar o líquido acumular em vasos de plantas contribui para toda a sociedade. É responsabilidade do morador cuidar do seu imóvel;, completa Petronio.
Prevenção
Desde 2016, a legislação prevê multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão para moradores de casas com criadouros da praga e entrada compulsória em espaços trancados, mas com suspeita de abrigar focos. Além disso, passou a ser permitida a abertura de portões e imóveis abandonados.