Jéssica Eufrásio, Fernanda Bastos*
postado em 10/02/2019 08:00
A menos de um mês para o carnaval, empresas dos setores de comércio e serviços começam a se preparar para o feriado deste ano. Ainda que a Secretaria de Turismo (Setur) estime a chegada de 25 mil turistas à capital federal, a previsão não anima associações de empresários do ramo de restaurantes, bares e hotéis. Segundo eles, as festividades em Brasília não costumam aumentar a clientela dos estabelecimentos. A data, no entanto, anima os varejistas, que contam com lucros com a venda de fantasias e itens de decoração.
A previsão do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF) é de que a festa movimente cerca de 2 mil estabelecimentos. Contudo, as vendas só devem esquentar a 15 dias do feriado. Vestimentas para crianças estão entre os produtos mais procurados. Ainda segundo a entidade, o fato de o carnaval cair em março pode resultar em endividamento da população, que voltou de férias e deve parcelar as compras devido aos gastos com viagens e material escolar.
[SAIBAMAIS]
Presidente do Sindivarejista-DF, Edson de Castro afirma que o comércio deve ter incremento de 10% a 20% nas vendas. Além disso, segundo ele, o aumento na quantidade de blocos nas ruas e a permanência da população na cidade ; pelo fato de o feriado ocorrer em março ; são vistos com otimismo pelos comerciantes. ;O carnaval de rua de Brasília tem crescido e melhorado muito nos últimos anos. O número de pessoas saindo daqui para outras unidades da Federação tem diminuído cada vez mais. Assim, os empresários investem mais aqui;, explicou Edson. Ainda de acordo com o representante do sindicato, as lojas têm oferecido itens em mais quantidade e baratos.
Marcos Vinícius Oliveira, representante de marketing de uma loja de artigos de festa na 506 Sul, destaca que o mercado começou a aquecer agora. ;Acreditamos que venderemos o dobro do ano passado, principalmente acessórios carnavalescos;, comenta. Para aumentar os lucros, a loja planejou promoções de 50% de desconto para 25 produtos. ;O nosso público-alvo são jovens de 18 a 29 anos que curtem os blocos de rua e deixam para a última hora a compra das fantasias;, explica. Com o objetivo de não perder esses clientes, a loja só não abrirá no domingo de carnaval.
Perspectivas
O faturamento do comércio, apesar da expectativa dos vendedores e do Sindivarejista, não terá grande influência do carnaval. Segundo a Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), o mês será como outro qualquer. Para o presidente da entidade, Fernando Brites, os efeitos mais significativos serão observados em bares e restaurantes, mas, mesmo assim, eles tendem a se prejudicar. ;As pessoas vão para a rua para se divertir, bebem e comem, mas a movimentação é principalmente no mercado informal. Os números desta época não são muito representativos, porque o carnaval provoca pouquíssimo impacto no comércio formal;, analisa.
Rodrigo Freire, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Distrito Federal (Abrasel-DF), confirma o cenário, mas acredita que a perspectiva está melhor neste ano entre os proprietários de estabelecimentos do setor. ;Há um clima de otimismo e esperança com os sinais de melhora dados pela economia. De uns cinco carnavais para cá, Brasília começou a ter mais movimento. Logicamente, esse é um cenário que depende muito do segmento de atuação. Comércios que ficam em locais mais aprazíveis para o fim de semana, por exemplo, terão um movimento legal;, prevê.
Acomodações
Para os empresários do setor de hospedagem, as expectativas não são muito diferentes às de anos anteriores. De acordo com o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, a área quase não registra incremento no carnaval. ;É praticamente insignificante, com 5% a mais;, comenta. ;Em geral, esses meios não têm resultados muito grandes nem programação específica. O carnaval daqui não tem essa pegada de ser uma festa que trará turistas de outras cidades. O feriado é mais focado no próprio DF;, avalia Jael.
Gerente-geral de um empreendimento no Setor de Hotéis e Turismo Norte, Jean Nogueira conta que o estabelecimento descobriu um novo nicho com o carnaval de Brasília. No sentido contrário do que acontece em inúmeros outros, o espaço fica lotado durante toda a semana de festividades devido à programação diferenciada. ;O público que vem está fugindo do carnaval. Os nossos eventos, que estão se consolidando a cada ano, não têm temática carnavalesca. Vendemos todas as suítes para casais, famílias e para o pessoal que busca mais tranquilidade durante essa época;, destaca.