Cidades

Projeto de militarização de escolas pode ser estendido a 36 unidades do DF

O projeto de lei que regulamenta e expande o modelo será encaminhado à Câmara Legislativa até o fim da semana, segundo o secretário de Educação, Rafael Parente.

Aline Brito*, Augusto Fernandes
postado em 12/02/2019 06:00
A escola e uma das quatros escolas do DF, que tera uma gestao compartilhada com a Policia Militar e o Corpo de Bombeiros.

Maior novidade na área de ensino do Distrito Federal em 2019 e do início da gestão de Ibaneis Rocha (MDB), a militarização das escolas públicas da capital, que entrou em vigor ontem em quatro colégios, deve ser estendida a outros 36 estabelecimentos. O projeto de lei que regulamenta e expande o modelo será encaminhado à Câmara Legislativa até o fim da semana, segundo o secretário de Educação, Rafael Parente. Caso consiga aprovar a ideia, o governo pode fazer a expansão até o fim do ano, a partir do início do segundo semestre.

No entanto, ele depende do sucesso do projeto-piloto e da aprovação do projeto de lei na Câmara Legislativa em dois turnos. O GDF promete ouvir alunos, pais, professores, diretores e dados científicos, antes de levar o modelo às demais unidades. Parlamentares de oposição e alguns da base do governo já se posicionaram, contra. Desde a semana passada, deputados distritais se articulam para colocar em pauta, na sessão de hoje, um projeto que pode suspender imediatamente a militarização nas escolas do projeto-piloto.

O texto é de autoria de Leandro Grass (Rede) e tem três artigos, prevendo a suspensão da portaria assinada por Ibaneis que determinava a militarização. O projeto piloto foi publicado em portaria, meio que o governo tem para não passar pela Câmara a proposta.

Com a aprovação do decreto legislativo, que precisa de maioria simples da casa, o modelo de educação militar cairia logo após a publicação do Diário da Câmara Legislativa. A proposta não passaria pelo veto do governador, que poderia recorrer à Justiça pedindo a anulação do decreto.

Professor, o deputado distrital Reginaldo Veras (PDT) é contra a proposta do GDF, que define como uma ;cortina de fumaça; para esconder problemas da educação pública do DF. ;O governo precisa é investir mais para que os gestores façam um bom trabalho. Essas quatro escolas vão melhorar, mas não porque são militarizadas, e sim porque haverá mais investimento, mais profissionais;, argumenta Veras.

A experiência iniciada ontem autoriza a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do DF a gerirem aspectos disciplinares e administrativos dos centros de educação. A partir de agora, entre 20 e 25 militares da reserva ou com restrições médicas estarão em cada uma das instituições com a promessa de levar disciplina e obediência a mais de 6,9 mil alunos do Centro Educacional (CED) 1 da Estrutural, CED 3 de Sobradinho, CED 308 do Recanto das Emas e o Centro Educacional (CED) 7 de Ceilândia ; ele aderiu à militarização na última quinta-feira, após eleição com 58% dos votos favoráveis à mudança.

Vigiados por militares, crianças e adolescentes dessas quatro unidades serão submetidas a uma rotina disciplinar rigorosa. Todos terão de usar farda e cantar o Hino Nacional diariamente. Os deslocamentos em grupos serão feitos sempre em filas, com as mãos para trás. Eles deverão se referir aos militares e educadores como ;senhor; e ;senhora;. Os meninos não poderão ter cabelos compridos nem usar brincos.Meninas serão obrigadas a usar coque e não poderão exibir acessórios grandes.

Hino e filas


O palco de inauguração do projeto foi o CED 1 da Estrutural. Com dezenas de militares, além de viaturas e até um helicóptero da PM, os cerca de 1,8 mil alunos tiveram uma prévia de como será a rotina. Perfilados, os adolescentes do 4; ao 7; ano do ensino fundamental acompanharam o hasteamento da bandeira do Brasil e entoaram o Hino Nacional antes do início das aulas. Ao fim da cerimônia, mantendo a organização em filas e seguindo um policial militar, eles retornaram às salas.

As escolas continuarão seguindo as Diretrizes Curriculares da Educação da rede pública. Professores, orientadores e coordenadores serão responsáveis pelo conteúdo pedagógico das classes. Mas os militares ministrarão, no contraturno escolar, disciplinas relativas à cultura cívico-militar ; como ética e cidadania ;, oficinas de banda de música, musicalização, esportes e ordem unida.

No entanto, assim como nas outras três unidades, ontem os alunos do CED 1 da Estrutural não vestiam uniformes, mas foram informados que deverão usar camiseta branca e calça jeans. O GDF garantiu que todos vão ganhar os uniformes em breve. O material ainda sendo produzido.

Expectativa


Aluna do 6; ano do CED 1, Evelyn Beatriz Xavier, 11 anos, estudou em uma escola militar há dois anos, e acredita que a militarização será importante para a escola. ;As escolas militares têm uma disciplina muito boa e esse colégio precisava disso, pois existem muitos alunos mal-educados, que não deixam o professor dar aula. Com os policiais aqui, já começou a mudar;, observou.

Supervisora pedagógica do CED 1 da Estrutural, Luciana Martins trabalha na escola há sete anos e disse nunca ter visto os alunos tão animados. ;Em todos os anos que eu trabalho nesta escola, nunca tivemos tantos alunos no primeiro dia de aula. Eles estão ansiosos para saber como será a nova escola;, comentou.

O secretário de Educação acredita que a militarização trará mais disciplina. ;Todos os dias, o professor perde muito tempo tentando criar um ambiente propício para a aprendizagem, pois os estudantes não se comportam. Portanto, precisamos criar estratégias e planejamentos para que esses profissionais sejam valorizados;, defendeu Rafael Parente.

Diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa pede mais atenção à categoria. ;O que gostaríamos de ter ouvido o governador anunciar era melhores condições de trabalho, investimentos nas escolas, aumento do quadro de servidores e medidas de segurança para a sociedade.;

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