Cidades

Estudantes protestam contra mudanças na concessão do Passe Livre

Ato teve início após reunião com parlamentares na Câmara Legislativa. Participantes saíram da Rodoviária do Plano Piloto e seguem rumo ao Palácio do Buriti

Jéssica Eufrásio, Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 21/02/2019 20:53
Manifestantes seguem pela Via N1, no Eixo Monumental, rumo ao Palácio do Buriti Integrantes de movimentos estudantis e sociais do Distrito Federal participaram, das 18h às 21h desta quinta-feira (21/2), de uma manifestação contra mudanças na concessão do Passe Livre. O ato começou na Rodoviária do Plano Piloto e seguiu pela Via N1 até chegar ao Palácio do Buriti.
Segundo a Polícia Militar, foram cerca de 150 manifestantes. A organização, no entanto, contabilizou 500 participantes. Embora o protesto seja pacífico, o tráfego permaneceu complicado na região por onde o grupo passou. O trânsito foi bloqueado em três faixas da pista.

"O Passe Livre Estudantil não é um benefício que o governo concede aos estudantes, é um direito. Não se pode tratar o passe livre como um prejuízo financeiro, mas um investimento intelectual e humano para a população. É por isso que estamos na rua", contou Max Maciel, integrante da Rede Urbana de Ações Sociais (Movimento Ruas).
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Em certo momento, quando os manifestantes chegaram à frente do Tribunal de Contas do DF, a Polícia Militar chamou os responsáveis pela organização do ato para discutir como se daria o fim da manifestação. A proposta da PM era pela desobstrução da via, enquanto os integrantes dos movimentos estudantis queriam seguir até o Palácio do Buriti.

"Queremos tratar isso com tranquilidade. Dou cinco minutos pra vocês se organizarem. Não queremos utilizar de outros meios", disse o tenente Iuri Mendeiros durante a negociação. "Entendemos que a manifestação é permitida, não questionamos isso. A questão é que tem centenas de pessoas nessa via querendo ir pra casa e não podem, por causa do ato. Só estamos pedindo a desobstrução da via", acrescentou.

Os manifestantes, por fim, decidiram se reunir em frente ao Buriti, que contava com mais de 20 policiais militares para garantir a segurança do edifício público, e realizaram o fim do ato com uma queima simbólica do projeto de lei apresentado pelo Buriti.
Manifestantes queimam projeto de lei do Executivo

Conversas na Câmara

Mais cedo, representantes de movimentos estudantis se reuniram com deputados distritais na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para discutir a limitação do benefício do Passe Livre a alunos das rede pública e privada com renda familiar de até quatro salários mínimos, bolsistas ou participantes de programas sociais.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou a intenção de propor mudanças em janeiro. Além dos distritais, o secretário de Mobilidade, Valter Casimiro, representantes da Secretaria de Educaçaõ e do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) participaram do debate. As mudanças nas regras para obter o benefício foram criticadas por alguns distritais.

Militante do Movimento Passe Livre, Paíque Santarém conta que, durante a reunião na Câmara Legislativa, a maior parte dos parlamentares se mostrou contrária à proposta e acrescentou que a tentativa do GDF é de transformar um direito em benefício. "A audiência apresentou a expressão de toda a sociedade de que essa matéria está equivocada. Fizemos um desafio para que o governo siga a fundo esse problema, pois trata-se de algo que precisa ser debatido pelo poder público", destaca.
Protesto segue pacífico e se aproxima do Palácio do Buriti

Impressões


Ativista e integrante da liderança do PSol na CLDF, Raphael Sebba conta que os deputados ainda estão muito divididos em relação às propostas apresentadas pelo governo e pelo MPL, por meio de distritais. Entretanto, Sebba acredita que o Executivo tem uma vantagem: "O projeto apresentado pelo Executivo chega em regime de urgência, ou seja, é o primeiro a ser votado. Então todas as discussões na casa são no sentido do projeto do Ibaneis".

Max Maciel também acredita que a Casa está dividida. "Sei que o governo tem sete distritais na base, e nós temos cinco nos apoiando. Os deputados que estão nesse meio precisam ser convencidos que o passe livre é um investimento em vidas, investimento na cidade", afirma.

Maria Paiva Lins, 25 anos, critica a proposta do Executivo. "É impressionante. O governo não tem argumentos coerentes para tirar o Passe Livre. Falam em uma economia de R$ 100 milhões, mas vão abaixar a alíquota do IPVA e ter um deficit de R$ 300 milhões. Este governo prejudica os pobres e favorece os ricos", argumenta a integrante do Movimento Passe Livre (MPL).

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