Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 27/02/2019 20:15
Um professor de matemática de uma escola pública em Ceilândia foi agredido por um aluno de 16 anos, nesta segunda-feira (25/2), com socos, pontapés e voadora. Segundo a Coordenação Regional de Ensino de Ceilândia, o adolescente teria se irritado durante a correção de uma questão de raciocínio lógico.O professor Giuliano Rodrigues Santos, 36 anos, dava aula para alunos do Educação de Jovens e Adultos (EJA) na noite de segunda-feira (25/2) quando foi agredido. O garoto de 16 anos cursa a quinta série e, durante uma correção do dever feito em casa, ficou nervoso com a resposta do professor.
Após discutirem em sala de aula, o adolescente amassou a folha que continha as respostas do exercício e arremesou em direção ao professor. "O garoto se descontrolou e saiu de sala de aula. O Giuliano foi atrás, dizendo que ele estava aprendendo e que é normal errar", conta o coordenador da regional de ensino, Marcos Antônio Souza.
Segundo o relato do professor à Polícia Civil, a agressão se iniciou no corredor da escola, onde o garoto o atingiu com o primeiro soco. Após este momento, outros alunos cercaram os envolvidos, mas não fizeram nada.
Giuliano registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) 2, que vai investigar o caso.
Indisciplina
O adolescente chegou à escola no ano passado para cursar a quinta série. Ao fim de 2018, descobriu a reprovação em cinco disciplinas: três por excesso de faltas e duas por notas baixas.
Apesar de não ter um histórico de violência, o garoto tinha uma série de casos de indisciplina, conta o diretor da escola, Isnã dos Santos. "Na semana passada mesmo, o Giuliano foi conversar com o menino, porque ele estava desobedecendo as regras da escola. Falávamos para ele sair de sala e firmava o pé, ia embora da escola antes do horário de saída. Depois da conversa, a relação da diretoria com o adolescente estava melhor", relata.
O garoto foi suspenso da escola. Em nota, a Secretaria de Educação do DF afirmou que a agressão foi um "caso pontual". "O estudante que agrediu o professor está suspenso e será transferido de escola para evitar possíveis conflitos", acrescentou.
Troca de escola
Giuliano era responsável pela supervisão pedagógica dos alunos e ajudava na coordenação. Em 2019, após dois anos na coordenação de escolas, ele vibrava com o retorno à sala de aula. "Em janeiro, quando acertamos que ele daria aula, ele ficou muito feliz. Contou que estava com saudade de lecionar, e que não via a hora de o ano letivo começar", conta Isnã.
Após o caso de agressão - e mesmo com a transferência do aluno -, Giuliano pretende trocar de escola. "A gente quer dar todo o suporte para os dois, já estamos vendo a possibilidade de dar acompanhamento psicológico ao Giuliano. Só que, mesmo assim, ele prefere evitar a permanência na escola. Querendo ou não, o murmurinho vai continuar", disse Marcos Antônio.