Cidades

Doar sangue no carnaval ajuda a manter estoques em dia

Estoque de sangue do Hemocentro tende a ficar reduzido durante os períodos de carnaval e pós-carnaval. Fundação convoca doadores para o ato que pode salvar vidas

Walder Galvão - Especial para o Correio, Daniel Júnior Especial para o Correio
postado em 03/03/2019 08:00
Com o período de carnaval, os acidentes de trânsito e os crimes hediondos aumentam, fazendo com que os estoques do Hemocentro baixem
Há 10 anos, o servidor público Siddhartha Costa, 38 anos, quase perdeu a mãe. Complicações em uma cirurgia de tireoide fizeram com que ela precisasse de uma transfusão sanguínea. Prontamente, o filho se ofereceu para ser o doador e, desde então, frequenta bimestralmente o Hemocentro de Brasília. ;Para mim, significa um ato de caridade ao próximo. Muitas pessoas precisam desse líquido, que é vida. O exemplo da minha mãe fez eu perceber a importância disso;, relata. A atitude de Siddhartha se torna ainda mais importante neste mês. Com o período de carnaval, os acidentes de trânsito e os crimes hediondos aumentam, fazendo com que os estoques do Hemocentro baixem e até mesmo os doadores desapareçam.

[SAIBAMAIS]Diariamente, cerca de 220 pessoas vão ao local. No período da folia, no entanto, o número cai mais de 10% e passa para aproximadamente 190 doações de sangue diárias. Somado a isso, o total de transfusões é maior durante o carnaval e acende o alerta na instituição. ;O estoque dos tipos de sangue negativos é o mais difícil de manter abastecido, porque o número de doadores é baixo. Lançamos campanhas para que pessoas que tenham o sangue O- façam doações frequentemente, porque essa tipagem sanguínea é universal, serve tanto para quem tem sangue A%2b ou B ;, explica Ana Gabriela de Almeida Fernandes, chefe do Núcleo de Captação de Doadores da Fundação Hemocentro de Brasília.

A aposentada Leila Darc Soares, 58, vem de Samambaia Sul à Fundação Hemocentro de Brasília, na Asa Norte, contribuir com o banco de sangue. Ela realiza esse procedimento há quatro anos. Leila chegou a interromper o ato de doação por um ano, após ser acometida por toxoplasmose, mas, com a saúde revigorada e após recomendação médica, ela retornou ao posto de doadora assídua. ;Fico satisfeita quando doo sangue. Eu me sinto bem. Sei da importância que é. Muitas pessoas na cama de um hospital estão à espera do meu sangue e de outros doadores, para sobreviver. Faça sol ou chuva, estou aqui no Hemocentro;, garante.

A cabeleireira Karla Gomes é doadora universal, tem o tipo sanguíneo mais demandado: o O-

Iniciativa


Por falta de conhecimento, muitos brasilienses ainda deixam de fazer doações. No entanto, cada vez mais o público jovem comparece ao Hemocentro para tentar ajudar o próximo. ;É a primeira vez que vim doar sangue. O que me fez vir aqui foi uma campanha na faculdade sobre a importância da doação. Vim fazer a minha contribuição;, afirma a estudante Diana Paes, 23, moradora de Santa Maria.

Mensalmente, são coletadas cerca de 5 mil bolsas de sangue. Além disso, o Hemocentro de Brasília opera com um estoque estratégico, que pode abastecer toda a rede pública de saúde do DF e hospitais conveniados pelo período de dois a sete dias, dependendo do hemocomponente (hemácias, plasma ou plaquetas). ;Pedimos aos doares que deem preferência para vir ao Hemocentro entre segunda e quinta-feira, quando a demanda é menor e não demora tanto na espera. Dias de sexta e sábado aumentam muito o tempo de espera dos doadores. Para ter um atendimento mais rápido, as pessoas também podem agendar a doação pelo número 160, na opção 2. O agendamento da doação dá direito a uma senha preferencial;, ressalta a chefe do Núcleo de Captação de Doadores.

Necessidade


Por ano, aproximadamente 70 mil transfusões são realizadas na rede pública de saúde do Distrito Federal. Hoje, a maior carência nos bancos é dos tipos O- e B-. Por conta disso, o Hemocentro promove, esporadicamente, campanhas para arrecadar essa variação e dá até senha preferencial aos doadores que se encaixam nesse perfil. A hematologista Ana Teresa Basílio Neri explica que os estoques variam de acordo com a demanda, com exceção do O-, que é um dos mais utilizados.

Esse é o caso da cabeleireira Karla Gomes, 42, que doa sangue há dois anos. Ela carrega um dos tipos sanguíneos mais preciosos para as transfusões. ;Sinto que estou contribuindo e ajudando alguém;, diz a moradora de Planaltina.

;O O- é aplicado, geralmente, em pessoas que sofreram algum acidente e precisam de uma transfusão de urgência. Por isso, em termo de estratégia de banco de sangue, ele é um dos mais interessantes em ter no estoque;, ressalta a hematologista Ana Teresa. No entanto, em procedimentos normais, a médica esclarece que análises minuciosas são realizadas para que o tipo específico chegue aos pacientes.

Doe

; A Fundação Hemocentro não atende aos domingos. Amanhã, funcionará das 7h às 13h. Na Quarta-Feira de Cinzas, estará aberta das 14h às 18h. O atendimento voltará ao horário normal no dia seguinte, das 7h às 18h. A instituição fica no Setor Médico-Hospitalar Norte, Quadra 3, Conjunto A, Bloco 3 (Asa Norte).

Requisitos

; Ter entre 16 e 69 anos de idade (menor de 18 anos deve apresentar o formulário de autorização e cópia do documento de identidade com foto do pai, mãe ou tutor/guardião);

; Pesar mais de 51Kg e ter IMC maior ou igual a 18,5 (descontar o vestuário);

; Não estar em uso de medicamentos;

; Apresentar documento oficial com foto (original ou cópia autenticada em cartório), em bom estado de conservação e dentro do prazo de validade. Documentos aceitos: carteira de identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista, carteira nacional de habilitação, passaporte, carteira profissional emitida por classe ou carteira do doador da FHB. Não são aceitos crachás funcionais nem carteiras estudantis;

; Dormir pelo menos seis horas, com qualidade, na noite anterior à doação;

; Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação;

; Não fumar duas horas antes da doação.

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