Aline Brito*, Isa Stacciarini
postado em 06/03/2019 14:46
O jovem de 18 anos baleado no rosto por um vigilante da estação do BRT, em Santa Maria, foi transferido para o Hospital de Base. Jhordan Maxwell Alves continua com a bala alojada no maxilar, mas está consciente e consegue conversar com amigos e familiares. Não há previsão de alta.
Jhordan mandou mensagem para os amigos dizendo que se sente bem e que não está com dor. Um amigo do jovem contou a reportagem que Jordan teria sido informado pela equipe médica que a operação para a retirada da bala é uma cirurgia de risco. Por essa razão, ele não sabe quando voltará para casa.
Legítima defesa
Vigilante há 18 anos Edmilçon Xavier da Silva, 50, trabalha em uma escala de 12/36 na empresa Aval Segurança há quase quatro anos. Ele contou que estava de serviço na noite de terça-feira de carnaval (5/3) junto com outros quatro colegas de trabalho. ;Eu tenho certeza que eu fiz o certo. Se eu não tivesse feito o que eu fiz, eles teriam entrado, invadido, roubado e machucado gente. Agi em legítima defesa;, alegou.
Ele ainda ressaltou que quando percebeu a confusão abriu a porta da sala onde fica e pediu que parassem com o vandalismo. ;A porta tem uma grade e eu consegui me comunicar com eles, mas ninguém obedeceu. Se eu saísse de onde eu estava, eles tinham me matado. Era um grupo de 30 pessoas ou mais;, relembrou.
Segundo Edmilçon, o jovem baleado participava da confusão. ;Ele era um dos principais que estava quebrando as coisas;, disse.
Pai vigilante
O pai de Jhordan também é vigilante e trabalha em um shopping de Santa Maria. O homem de 46 anos não quis ser identificado e reforçou que a equipe médica aguarda os resultados dos exames para decidir sobre a cirurgia do filho. "Parece que a bala está no pescoço. Quando recebi a notícia, estava trabalhando. Corri para o local e já vi meu filho na ambulância", contou.
Para o segurança, a ação do vigilante da estação do BRT foi desproporcional. "Tem que ver as imagens, porque as pessoas falam que meu filho não estava envolvido nessa quebradeira. Mas, de qualquer forma, um segurança não pode atirar assim em um grupo de 30 pessoas sem antes saber o que está acontecendo", disse.
Na visão do pai de Jhordan, não dá para acreditar na tese de legítima defesa. "Ele não foi profissional. Como pode atirar assim sem que em nenhum momento ele foi ameaçado? Ele sacou a arma e atingiu o rosto de uma pessoa sem nem perguntar o que aconteceu", lamentou.
Entenda o caso
Jhordan voltava do bloco Pega Ninguém, no Setor Comercial Sul, com um grupo de amigos. Os jovens desembarcaram na estação do BRT de Santa Maria. Ao descer do ônibus, algumas pessoas quebraram o vidro da janela de emergência com um martelo. O segurança que cuida do cofre se assustou e disparou com um revólver calibre 38, usado para o trabalho. E atingiu Jordan no rosto. A Polícia Civil trabalha para descobrir quem são os envolvidos na depredação.
*Estagiária sob a supervisão de Adriana Bernardes.