Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 06/03/2019 20:00
O laudo que indicaria a causa da morte da médica Gabriela Cunha, 44 anos, teve resultado indeterminado. O corpo da vítima foi submetido a exame antropológico, mas, por causa do "avançado estado de decomposição", não foi possível identificar como se deu o assassinato.O corpo de Gabriela ficou por 24 dias no Instituto de Medicina Legal (IML), período em que "o cadáver foi submetido a preparo para estudo e, em seguida, submetido a exame antropológico para fins do estabelecimento da identidade e pesquisa da causa mortis", segundo a Polícia Civil.
Mesmo com a imprecisão, o inquérito policial com o resultado do laudo será encaminhado à Justiça do DF, quando a Polícia Civil concluir toda a investigação.
O corpo de Gabriela Cunha foi liberado do IML em 22 de fevereiro. O enterro aconteceu no dia 26.
Relembre o caso
Em 24 de outubro do ano passado, o motorista particular de Gabriela Cunha sequestou-a e mandou matá-la. Rafael Henrique Dutra da Silva, 32, acusado de ordenar o assassinato, pegou o celular da vítima e se passou por ela em conversas por WhatsApp com amigos e familiares. Ele teria inventado a história de que Gabriela estava sumida por causa de uma suposta internação por "problemas pessoais".
Durante os dois meses em que enganava os amigos e familiares de Gabriela, Rafael Henrique movimentou cerca de R$ 200 mil da cirurgiã.
Rafael era motorista de Gabriela havia cerca de dois anos, quando assumiu o lugar da mãe dele, que deixou a função após ser diagnosticada com câncer. Como a médica tinha proximidade com o suspeito, chegou a dar uma procuração para ele. Com o documento, Rafael conseguia realizar movimentações financeiras das contas e imóveis da vítima. Foi assim que ele começou a subtrair pequenos valores mensalmente, sem que a diretora soubesse.
A mulher foi alertada pelo namorado sobre os riscos de entregar o documento ao motorista, no segundo semestre de 2018. A cirurgiã acreditou nos conselhos e recolheu a procuração de Rafael, que ficou insatisfeito com a situação. Para voltar a ter acesso ao dinheiro de Gabriela, ele arquitetou o assassinato.
Confissão
Rafael confessou o crime em janeiro, após ser preso pela Divisão de Repressão a Sequestros, no dia 28 do mês. Entretanto, a confissão foi misturada a mentiras que o acusado contou à Polícia Civil em depoimento.
Segundo a PCDF, Rafael havia dito que Gabriela trabalhou no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) normalmente pela manhã e, no horário de almoço, ele levaria a médica a uma agência bancária de Sobradinho.
Na volta, em uma parada de ônibus, o plano do motorista teria sido iniciado. Um comparsa utilizando uma faca teria rendido os dois com uma faca e, dentro do carro, obrigou Rafael a dirigir até Brazlândia.
Em um matagal da região, Gabriela teria sido retirada do veículo e assassinada. A Polícia Civil, no entanto, investigou o suposto comparsa e descobriu que Rafael havia mentido. Apesar disso, os investigadores não descartam o envolvimento de uma segunda pessoa no crime.