Ela conta que esta foi a primeira intervenção urbana que fez na vida. "Fiquei extremamente impactada com a morte dela. Me lembro da sensação de ver uma defensora de direitos humanos ser assassinada, e isso me marcou bastante pela importância da figura dela e o que ela representou enquanto mulher negra e bissexual;, explica Beatriz.
Foram dois meses para concluir o trabalho. "Eu ia aos domingos, no início da tarde, e ficava até a hora em que a pista é liberada para carros. Muita gente ficava curiosa e parava para observar e fazer algum comentário. A maioria, positivo", recorda. O desenho ficou pronto em outubro, ligeiramente diferente do esboço inicial. "Fui fazendo adaptações no meio do caminho".
No universo das leis, Beatriz se especializou na pesquisa de Direitos Humanos. Hoje, ela estuda Artes Visuais na Universidade de Brasília (UnB) e garante: outras intervenções artísticas na cidade devem acontecer em breve. "Gosto muito da arte contemporânea nesse sentido, então mais coisas vem por aí. Talvez não sejam homenagens, mas vou continuar trabalhando".
Um ano do crime
Na última quinta-feira, um ato em homenagem à ex-vereadora distribuiu 365 placas da "Rua Marielle Franco" na Praça Zumbi dos Palmares. O evento foi organizado pelo PSol, partido da vítima, que reivindica o esclarecimento do crime: "Quem mandou matar Marielle?".
As homenagens em Brasília incluíram a alteração da placa da Ponte Costa e Silva por um grupo feminista, rebatizando-a temporariamente com o nome da política e ativista negra. Houve ainda o lançamento do livro UPP: favela reduzida a três letras, dissertação de mestrado da vereadora no Foyer do Plenário da Câmara Legislativa do DF, e uma Sessão Solene em memória de Marielle, no Plenário da Casa, com a presença de ativistas de direitos humanos e representantes da anistia internacional.