Cidades

Feira de empreendedorismo dá destaque a trabalhos feitos por mulheres

O intuito do evento é abrir portas para empreendedoras mostrarem seus projetos para consumidores e investidores, até sexta-feira (22/3)

Thiago Cotrim*
postado em 20/03/2019 06:02

Bolsas criadas manualmente

O empreendedorismo se tornou um gatilho importante para o empoderamento feminino. É por meio desse modelo de negócios que muitas mulheres se destacam por suas ideias e pelo sucesso profissional. Em 2018, a busca pelo programa de concessão de empréstimos para microempreendedores, o Prospera-DF, gerenciado pela Secretaria de Trabalho do Distrito Federal, registrou que, das 682 pessoas beneficiadas, 54% eram mulheres.

Em decorrência do aumento da procura por esse modelo econômico pelo público feminino, o grupo Mulheres do Brasil DF, organização que atua desde 2017 no Distrito Federal e tem como principal objetivo ampliar a participação do público feminino em diversas áreas de influência, promove, em conjunto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Venâncio Shopping, entre 18 e 22 de março, a Mostra da Mulher Empreendedora.

Ana Rodrigues, membro do Grupo Mulheres do Brasil DF e coordenadora do Comitê de Empreendedorismo, afirma que a associação precisava criar um evento para reunir mulheres e seus negócios, com o intuito de oportunizar o acesso delas ao público consumidor e capacitá-las para a promoção de suas ideias para investidores e aceleradoras.

;Acho que é uma ação importante para mostrar ao mercado muito mais do que as mulheres são capazes. Sempre que se fala em mulher em feira empreendedorismo, costumam incluir somente o artesanato. Nós queríamos abrir espaço para outras produções e inovações das quais somos capazes de fazer. Nesta edição, nós teremos indústria de tinta, projeto de sustentabilidade, aplicativo, dentre outros;, comenta.


A união faz a força

A artesã Marilene Pereira, 50, faz bonecas Abayomi

Expositora e filha de artesãos, Marilene Pereira, 50 anos, vive uma vida de dupla dedicação: passa metade do dia trabalhando na Administração Regional do Varjão, participando de projetos sociais, e a outra, produzindo bonecas Abayomi, feitas a partir de pedaços de pano reaproveitados. ;Essas bonecas têm uma história muito interessante. Foram criadas por mães negras durante a escravidão, para dar felicidade às suas crianças. Pela falta de materiais para confecção, elas utilizavam pedaços das suas próprias roupas;, explica.

Marilene é piauiense e se mudou para Brasília em 2001. Por seus pais terem sido artesãos, ela nutre uma paixão pela arte desde a infância. Logo após a mudança, fez um curso de terapia comunitária e começou a trabalhar voluntariamente ensinando o artesanato para outras mulheres.

Bonecas artesanais Abayoumi, com forte inspiração nos brinquedos da época da escravidão

A ideia de produzir as bonecas surgiu após um trabalho realizado na Penitenciária Feminina do Distrito Federal. ;Como era proibido entrar com agulhas ou qualquer material pontiagudo no presídio, eu tive a ideia de desenvolver essas bonecas, a partir de nó e retalho;, conta.

Ela faz parte de um projeto empreendedor colaborativo chamado Colabora. A iniciativa reúne 36 mulheres que alugaram uma loja no primeiro piso do Venâncio Shopping. Lá, elas expõem esculturas, quadros, bolsas artesanais, berloques, travesseiros, entre outros itens. O projeto também promove workshops e feiras periódicas voltadas para mulheres.

Artista plástica Miser Sousa, 27 anos, reaproveita galhos caídos nas ruas para artesanato

A jovem Miser Sousa, 27, estudante de artes visuais, artista plástica e artesã, faz parte do grupo. Miser conta que consegue pagar a mensalidade da sua faculdade apenas com a renda da venda de seus produtos feitos a partir da String Art, técnica que utiliza o barbante para criar imagens e desenhos representativos.

Maquete de String Art

Miser também faz mandalas e bijuterias utilizando galhos de árvores que encontra pela rua. ;Eu gosto de fazer esse tipo de arte ecológica, transformar as coisa que sujam a cidade em arte;, comenta. Ela começou a trabalhar nesse segmento há quatro anos e fundou o Ateliê da Miser. ;Meu sonho é construir um estabelecimento, ter uma loja própria onde eu possa expor meus trabalhos;, conta.

Fachada da loja do projeto Colabora, que reúne 36 empreendedoras

Relação familiar

O empreendedorismo começou cedo para a advogada Aline Oliveira, 35. ;Aprendi o valor do trabalho com a minha mãe. Ainda muito pequena, eu já a ajudava na pequena boutique de roupas que havia em nossa casa;, constata.

Advogada Aline Oliveira, 35, à frente de fábrica de tintas que vende para o DF e Entorno

Aline se casou e engravidou aos 16 anos, e nesse meio tempo, começou a trabalhar na fábrica de tintas do pai, a Mister Cryl, localizada em Samambaia. ;Na minha terceira gestação, praticamente, todo o primeiro ano de vida do meu filho foi dentro da empresa. Eu queria manter a qualidade da amamentação e cuidados maternais;, destaca.

Hoje, ela é sócia do negócio, que tem 10 anos de existência. A empresa conta com 700 clientes ativos no Distrito Federal e Entorno. No ano passado, o estabelecimento gerou 3 milhões de tintas, contabilizando mais de 200 mil litros por mês.;Acredito que o conhecimento é o que te credencia. Meu pai ainda me auxilia dando conselhos que me ajudam a amadurecer a cada dia que passa;, complementa.

Ambiente interno da fábrica de tintas


Âmbito nacional

Segundo relatório publicado pelo Sebrae, o Brasil conta com 9,3 milhões de empresárias, constituindo 34% do comércio informal nacional. As mulheres são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior aos homens. ;O empreendedorismo representa uma importante alavanca para o empoderamento feminino, abrindo oportunidade para mulheres que viviam em situação de vulnerabilidade ou até de violência doméstica;, analisa o presidente do Sebrae, João Henrique de Almeida Sousa.

Anote

Mostra da Mulher Empreendedora

Data: de 18 a 22 de março

Horário: das 11h às 16h30

Local: Piso térreo do Venâncio Shopping (SHCS 8 50/60 - Asa Sul).

Entrada gratuita

* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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