Mariana Machado
postado em 25/03/2019 21:34
De março de 2015 até março deste ano, 68 mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Cinco delas, assassinadas em 2019. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), que divulgou um estudo traçando o perfil dos agressores e das vítimas. Em 91% das ocorrências, as mortes foram dentro da própria residência e, apesar de 42,6% serem agredidas frequentemente, apenas 30% teriam avisado às autoridades.
A pesquisa apontou ainda que 54,4% dos autores já tinham antecedentes criminais. De acordo com o Secretário Executivo Alessandro Moretti, um dos objetivos do estudo é tornar as medidas protetivas de urgência mais efetivas.
Em 20% das fatalidades, as mulheres estavam sob medida que foi descumprida. Quase 30% estavam em processo de separação. Em 2018, foram 26 casos ao todo.
Para tentar prevenir o aumento de feminicídios, o governador Ibaneis Rocha firmou um aditivo ao acordo de cooperação com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) permitindo o uso de um dispositivo de monitoramento das vítimas.
Com isso, juízes poderão oferecer a mulheres com medidas protetivas de urgência, cujos agressores são monitorados por tornozeleiras, um aparelho que vai rastrear e impedir a proximidade dos dois.
As localizações serão informadas 24 horas por dia ao Centro de Operações da SSP e, sendo detectado descumprimento da distância mínima determinada judicialmente, ambos serão informados e, caso o agressor não se afaste, a equipe policial mais próxima vai se deslocar ao local para impedir qualquer possível ataque à mulher.
O contrato para o novo mecanismo é o mesmo que já vigora em relação às tornozeleiras e que determina que o governo pode usar até 6 mil aparelhos de monitoramento eletrônico.
Para o Secretário de Segurança, Anderson Torres, o número é suficiente por enquanto. ;O que se espera é uma maior eficácia na prevenção ao crime. Nossa ideia é não deixar o contrato vencer, fazer disso contrato permanente, porque ele é de extrema relevância para a segurança pública do Distrito Federal. A ideia é ter sempre novas tecnologias para combate ao crime;, destaca.
Como e onde
O levantamento mostrou que 48,5% das agressões foram feitas com arma branca e 26,5% com arma de fogo. Houve ainda quatro casos de asfixia e seis de agressão física.
Segundo a SSP, 58,8% dos agressores alegaram ter cometido o crime por brigas conjugais e ciúmes, e 20,6% por não aceitar o término do relacionamento. Dois acusados mataram para se vingar por uma traição e um por não aceitar a gravidez da companheira.
Dos 68 autores de feminicídio, 11 cometeram suicídio e 18 foram condenados. Segundo o estudo, a média de idade deles é de 38,5 anos, sendo que o mais velho tinha 80 anos.