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Lojas de calçados e de vestuário registram aumento nas vendas em 2019

Ambos os segmentos são os únicos a apresentarem aumento de procura no fim do primeiro trimestre. Especialista, no entanto, classifica o momento como preocupante e alerta que todo o setor produtivo deveria ter obtido crescimento

Augusto Fernandes
postado em 03/04/2019 06:00
O gerente Francisco surpreendeu-se com as vendas no ano: ânimo
No início do ano, representantes do setor produtivo do DF tinham a esperança de que 2019 seria marcado pelo destravamento da economia local. Ao fim do primeiro trimestre, no entanto, o cenário passou a ser de incertezas. Entidades ligadas à atividade comercial de Brasília acreditam que os resultados obtidos até o momento não deram mostras de crescimento em relação ao mesmo período de 2018. Mesmo assim, alguns segmentos conseguiram pequenos avanços: no varejo, lojas de calçado e de vestuário aumentaram as vendas entre 2% e 3% entre janeiro e março.

;São dois setores imprescindíveis para o desenvolvimento econômico do Distrito Federal. Mesmo em períodos de adversidade, eles conseguem se sobressair por comercializarem artigos de primeira necessidade à população. São produtos que os brasilienses estão constantemente renovando;, afirmou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), Edson de Castro.

O percentual de crescimento é pequeno, reconhece Edson. Mesmo assim, deve ser comemorado, sobretudo pelo fato de que o DF encerrou 2018 com uma variação de -3% em comparação a 2017 do índice de volume do comércio varejista ampliado dessazonalizado, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). ;A atividade comercial do DF tem tropeçado neste ano, mas não está mal. Acredito que a economia vai se recuperar, mesmo que lentamente. Os resultados que alcançamos com as lojas de calçado e de vestuário podem servir como um motivador para os demais segmentos;, ressaltou.

Gerente de uma loja de calçados, Francisco da Silva, 42 anos, percebeu um salto no número de vendas no estabelecimento nos primeiros 90 dias do ano. Janeiro e fevereiro, segundo ele, foram os meses que mais surpreenderam. ;Todas as metas que estabelecemos para o começo do ano foram superadas. Acredito que lucramos pelo menos 4% a mais do que em 2018. Geralmente, essa época nunca rende bons resultados. No entanto, este ano foi diferente. Isso nos deu ânimo para melhorar ainda mais;, comemorou.

Datas comemorativas

Na opinião do economista e professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, a alta no percentual não é expressiva a ponto de contornar a situação da economia do DF. ;O momento ainda é preocupante. Para uma retomada do crescimento, o setor produtivo como um todo deveria ter mostrado resultados. Por enquanto, o horizonte não é favorável;, alertou.

O especialista acredita que duas medidas anunciadas nesta semana pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para reduzir cobranças do ICMS aos empresários locais podem aumentar a confiança do empresariado e, paralelamente, aquecer a economia do DF. ;É o momento de usar a criatividade e estratégias de marketing. Por hora, anunciar ofertas e reduções de preço pode ajudar. Outra dica é reduzir a margem de lucro para manter o nível de vendas. Enfim, o comércio tem de recorrer a quaisquer que forem as saídas para encontrar alguma perspectiva de avanço;, sugeriu.

Vendedor de uma loja de roupas, Gabriel Ferrari, 24, comentou que o estabelecimento ainda não teve resultados relevantes neste ano. Na tentativa de melhorar os lucros, os gerentes baixaram os preços de muitos itens e, periodicamente, promovem liquidações semanais. ;Cada vendedor tem uma meta mensal de vendas, mas poucos estão conseguindo alcançá-la. Reinventamo-nos praticamente todo dia buscando aumentar os números;, disse. ;O ano para o comércio começou agora. Nos três primeiros meses, o dinheiro do brasiliense ficou comprometido com outras obrigações. Mas, agora, teremos uma série de datas comemorativas que podem impulsionar o mercado, como Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namorados;, lembrou.

Mudanças


O governador Ibaneis Rocha assinou um decreto que reduz, ao patamar das taxas de estados da Região Centro-Oeste, a alíquota do ICMS recolhida nas operações de saídas interestaduais. Os empresários, que antes pagavam 12%, passarão a desembolsar 9%. No mesmo dia, o chefe do Buriti entregou ao presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente, um projeto de lei que extingue o Difal do ICMS, valor cobrado no estado de origem do produto e na unidade da Federação onde é comercializado.



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