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'Faltou uma amizade verdadeira naquele momento', diz amiga de Natália Costa

Jovem investigado muda versão e admite que entrou no Lago Paranoá com a universitária encontrada morta na segunda-feira. Mas ele diz não se lembrar de nada porque estava alcoolizado e nega que a conhecia

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Dor, revolta e cobrança

Um misto de tristeza, revolta e apelos pelo esclarecimento da morte marcaram o velório e o enterro da universitária Natália Ribeiro dos Santos Costa, ontem à tarde, no Cemitério Campo da Esperança. A família não acredita na versão do jovem investigado pela polícia. Os parentes falam em assassinato e o desmentem. Dizem que, diferentemente do que ele afirmou em depoimento, conhecia a vítima. Inclusive se relacionou com ela. Cerca de 200 pessoas compareceram à despedida.

A mãe de Natália, Edivânia Ribeiros dos Santos, rezou junto a amigos e familiares na capela. ;Deus é quem vai dar força para aguentar, mas quero que todos envolvidos sejam responsabilizados. Justiça é só o que resta;, desabafou. Apesar de o caso ainda estar sob investigação, Edivânia acredita que a filha foi assassinada. ;Ele (o suposto autor) vai pagar. A minha filha partiu para sempre. Por que tanta maldade?;, questionou.

Fernanda Pereira, 20, conheceu Natália no ensino médio. ;Era só a gente o tempo todo. A minha amiga se destacava na escrita, era muito inteligente;, contou. De acordo com ela, a vítima tinha bom coração e cuidava de todos, principalmente nas festas. ;Essa história não faz sentido. Faltou uma amizade verdadeira naquele momento;, lamentou. Nenhum dos amigos que estava com ela no churrasco de domingo compareceu à cerimônia.

Uma prima dela, Solange Ribeiro, 39, disse que acompanhou a retirada do corpo no Instituto de Medicina Legal (IML) e viu outros indícios que a fez acreditar que a garota foi agredida. ;A boca e o nariz estavam pretos, muito diferente de alguém que se afogou;, afirmou.

Antes da descida do caixão, outra prima da vítima, Maria Ribeiro, 32, fez um discurso emocionado, ressaltando características marcantes de Natália, como o amor e a alegria à vida. Por fim, ela pediu a elucidação do caso o mais rápido possível. ;Queremos que o juiz, o promotor e o delegado falem com a mãe. Que os culpados vão para a cadeia, porque é lá que merecem estar. Aqui tem uma família chorando, mas sabemos que Deus vai fazer justiça. Natália Costa não vai para o esquecimento.;

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Trabalho e estudo

Nascida e criada no Paranoá, Natália iniciou a carreira de modelo fotográfica e, com o tempo, foi ganhando visibilidade, conquistando 45 mil seguidores no Instagram. De acordo com a família, a jovem fazia ;bicos; para completar a renda. Com o dinheiro dos trabalhos e ajuda de familiares, ela pagava o aluguel e as mensalidades da Universidade Paulista (Unip), onde estudava letras até o fim do ano passado. Recentemente, foi aprovada para o mesmo curso na Universidade de Brasília (UnB), onde as aulas começaram há duas semanas.

A estudante morava sozinha em uma quitinete há aproximadamente um ano, próximo à casa em que antes vivia com a mãe e os dois irmãos mais novos ; um menino de 8 anos e uma menina de 3 ; filhos do segundo casamento da mãe. A renda da família vem dos aluguéis de imóveis pertencentes a Edivânia e da aposentadoria do padrasto da vítima, que exercia a função de vigilante.