Cidades

Prata da Casa: Victor Abrão, um multitalento criado na capital do país

O artista brasiliense não gosta de limites em seu trabalho. Por isso, une escrita, música e atuação, e tem como uma de suas inspirações o Distrito Federal. Em breve, lançará um disco

Jéssica Andrade*
postado em 05/04/2019 18:00
A música é parte importante da vida de Victor, mas ele já escreveu livro e atuou em filmes e peças de teatro
;Mãe, você é minha estrela divina;. Esse foi o primeiro verso escrito por Victor Abrão, aos 6 anos, em um concurso, no jardim de infância. Aos 11 anos, compôs a primeira música. ;Eu me lembro de estar no sofá da sala vendo TV e algo muito estranho me aconteceu: a música chegou para mim, do nada, letra e melodia como uma psicografia. Eu levantei e fui correndo para o quarto escrever;, conta o artista, que pretende lançar o primeiro álbum, com tons de MPB e bossa nova, ainda este ano.
Além do amor materno, a paixão pela capital federal também inspira o jovem. A infância sob os blocos dos prédios da Asa Sul é destacada em forma de música e poesia. Hoje, com 30 anos, prestes a gravar o primeiro disco, faz mistério sobre os detalhes. Mas revela que faz arranjos com instrumentos de corda e percussão para as 12 canções que devem entrar no projeto, todas autorais. E contará com a participação de amigos e cantores consolidados nos palcos brasilienses, como Cairo Vitor e Márcia Tauil.
Abrão possui um extenso currículo artístico. Além de escrever poesias e compor melodias, é formado em artes cênicas pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou em diversas peças e filmes. ;O teatro eu fiz também no jardim de infância, me lembro de ter feito o papel do vento. Porém, só mais tarde, aos 15 anos, comecei a me interessar definitivamente pela atuação;, conta o artista.
Victor costumava assistir às apresentações da banda dos primos mais velhos e quis acompanhá-los. Para isso, aprendeu a tocar violão. Em 2004, aos 15 anos, conheceu Paulo Ohana, também violonista, na escola onde estudava, e o convidou para formar a banda Deuses da Kaaba. O grupo chegou a gravar músicas, fazer shows e ganhou festivais. Mas acabou cinco anos depois, quando os integrantes decidiram seguir caminhos diferentes. A amizade com Paulo, porém, perdura até hoje.
O brasiliense está prestes a lançar um disco, com composições próprias e a participação de amigos

;O Victor é meu irmão de alma. A gente tem uma conexão muito forte. Mesmo sem saber o que o outro está passando, a gente sempre liga nos momentos difíceis. Nossos encontros são sempre muito profundos;, conta Paulo. Ele lembra ainda de uma festa surpresa que o amigo preparou para ele, anos atrás: ;Marcou muito a minha vida;.

Livro

Íntimo das palavras, Victor publicou um livro em outubro de 2017. Da meia noite ao meio dia é uma jornada épica da noite ao dia. Cada poesia representa uma hora. No decorrer das páginas, os relógios vão enlouquecendo até o vazio total. ;O tempo é real, visto da perspectiva dia/noite. E também psicológico e ilusório. Podem ser 10h04, como também podem ser 3h88 da madrugada ou 9h69 da manhã. Depende de quem observa;, afirma o autor.
A obra passou por mais de 40 revisões e é descrita por Luciana Martuchelli, no prefácio, como ;uma viagem sob o céu claro e escuro da sua digestão de horas;. Segundo a dramaturga, professora de artes cênicas de Victor, o jovem é mais ele mesmo quando escreve. ;Atento à precisão estilística e aos detalhes do caminho por onde quer nos levar, seu primeiro livro tem a fé e o frescor do primeiro beijo sob o signo da intimidade com as regras que usa ou quebra;, descreve.


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