Cidades

Delegacia do Paranoá registra mais de 230 casos de violência contra mulher

Delegacia do Paranoá é a que a mais registra violência contra mulheres no Distrito Federal. Para tentar inibir esse tipo de crime, unidade iniciou a Operação Salve Rainha, com mandados de prisão e busca e apreensão na casa dos agressores

Mariana Machado
postado em 06/04/2019 07:00
Na casa de um dos acusados de agressão, também suspeito de tráfico de drogas, policiais encontraram arma, munição, cocaína e cerca de R$ 3 mil
Seja por ameaça, calúnia, difamação ou seja por agressão, 238 ocorrências enquadradas na Lei Maria da Penha foram registradas desde janeiro de 2019 apenas na 6; Delegacia de Polícia, no Paranoá. Para tentar diminuir os casos de violência contra as mulheres, a delegacia deu início ontem à Operação Salve Rainha, com oito mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão.

Os oito acusados cometeram agressões neste ano. Apesar das diligências, ontem ninguém foi preso. Antes das 6h, as equipes se deslocaram para endereços no Plano Piloto, São Sebastião, Paranoá e Itapoã, onde, no bairro Mandala, um dos procurados conseguiu fugir. Segundo a polícia, o homem morava em um barraco cercado por mata fechada e saiu por uma porta nos fundos da residência.

Os policiais usaram inclusive drone para tentar localizar o homem em meio à vegetação, mas ele escapou. No barraco, um revólver calibre .12, munições .44, pacotes de cocaína e cerca de R$ 3 mil em espécie foram apreendidos. Três pessoas que estavam no imóvel foram levadas para prestar esclarecimentos e confirmaram que o homem tem envolvimento com tráfico de drogas.

O foragido é acusado de tentar estrangular a companheira, além de golpeá-la a coronhadas. A delegada Jane Klébia Paixão, chefe da 6; DP, garante que as buscas continuarão até que todos os oito mandados sejam cumpridos. ;Acusados de ocorrências de Maria da Penha são mais fáceis de localizar porque, por via de regra, são pais de família, têm trabalho fixo e residência;, afirmou. A expectativa é de que os acusados sejam presos até o fim da semana.

A chefe da 6; DP explica que para cada caso de violência contra a mulher, a vítima pode entrar com pedido de medida protetiva de urgência. Além disso, é dada a opção da Casa Abrigo, serviço do Governo do Distrito Federal para acolhimento de mulheres sob grave risco de ameaça. ;Muitas ainda recusam, mas nossa recomendação é de que nos 15 dias após a denúncia, ela se mantenha afastada do agressor, para a própria segurança;, observou Jane Klébia.

Mortes

O DF registrou sete feminicídios neste ano. O mais recente aconteceu em 31 de março, no Paranoá, quando o vigilante Mateus Galheno, 22, assassinou com um tiro no olho a ex-companheira, Isabella Borges, 25. Em seguida, ele se matou ao disparar contra a própria cabeça. Os dois eram pais de um casal de gêmeos de um ano.

Em 2018, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) registrou 29 ocorrências de feminicídio, 11 a mais do que em 2017. Entre março de 2015 e março de 2019, foram 68 casos, dos quais 11 autores cometeram suicídio e 18 foram condenados. Dados da pasta apontam que em 20% dos casos, as mulheres estavam sob medida protetiva que foi descumprida. No ano passado, o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) recebeu 12.892 pedidos de medida protetiva. Dessas, cerca de 60% foram aprovadas. Mais de 3 mil foram concedidas em parte pelo juiz e 1,9 mil, negadas.


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