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Ginasta brasiliense representa o Brasil em competição mundial na Rússia

Com apenas 15 anos, Ana Luísa coleciona conquistas na ginástica rítmica. O suor dos treinos e o apoio da família fizeram dela a número um do Brasil em competição mundial na Rússia. Agora, tenta conseguir recursos para a viagem

Alan Rios
postado em 06/04/2019 07:00
Ana Luísa: talento e eficiência na ginástica rítmica a fizeram ser conhecida por grandes treinadores
Quando Ana Luísa Passos veste o colã e começa suas apresentações, parece voar de tanta leveza. Os movimentos delicados e singelos a fazem tirar os pés do chão e ir longe. Foi esse talento que levou a garota de 15 anos a ganhar torneios em Portugal, chamar a atenção de uma treinadora búlgara, ensaiar séries no Chile e se classificar como a número um do Brasil para o primeiro campeonato mundial de ginástica rítmica da categoria juvenil, na Rússia. Mas mesmo com todas as conquistas que levaram a moradora de Taguatinga para o mundo, ela ainda quer mais: ;Meu sonho é ir às Olimpíadas!”.

A paixão pelo esporte começou cedo. Aos 3 anos, começou a frequentar as aulas de ginástica da escola, por influência da irmã mais velha, que também treinava. ;Mas era só uma brincadeira, para passar o tempo, porque eu achava bonito;, diz Ana. Mas, antes de se tornar uma atividade séria, quase que a timidez venceu a menina, e o dom foi deixado de lado, como conta a mãe. ;Ela era muito na dela e isso atrapalhava um pouco, porque ela até treinava superbem, mas não rendia tanto nas apresentações, com todo mundo olhando. Mesmo assim, os técnicos e árbitros iam falando que ela tinha muito futuro. Então a minha outra filha passou a acompanhá-la e dar uma segurança maior;, lembra Hosana Passos, 50.

Ginasta Ana Luísa
De pouco em pouco, Ana Luísa foi crescendo como ginasta e percebendo o quanto estar no tablado lhe fazia bem. Esse casamento foi perfeito, porque a ginástica rítmica de Brasília também abraçou a garota, gerando um amadurecimento em ambas. Com 8 anos, os treinadores mais conceituados da capital a enxergavam como a pequena que poderia ser uma grande referência do esporte nacional. Foi isso que Kely Regina Silva, 40, uma de suas técnicas, viu: ;Quando me deparei com ela, percebi que a Ana era um diamante a ser lapidado. Ela tem uma história muito bonita, é extremamente dedicada, responsável e comprometida com o que faz. Sabe onde quer chegar;.

Asas e barreiras

Após ser escolhida por Kely, a ginasta começou a treinar com mais intensidade, se desdobrando para conciliar a vida esportiva com a estudantil e pessoal. Como grande parte dos dias eram dedicados ao esporte, a garota fazia atividades das aulas durante o intervalo no colégio, recusava vários convites de amigas para sair e usava o tempo de descanso para ver vídeos de apresentações de outras ginastas. ;É um sacrifício muito grande, mas vale muito a pena, porque isso me deixa muito bem;, revela Luísa.

Ginasta Ana Luísa
Com o esforço, os resultados começaram a aparecer. Entre competições regionais, nacionais e até internacionais, Ana sempre se destacou. Com apenas 11 anos, ela havia conquistado o título nacional da sua categoria e a primeira colocação de um torneio em Portugal. Mas é este ano que pode marcar ainda mais sua carreira, pois a garota se classificou para duas competições onde estarão os melhores atletas rítmicos do planeta, o mundial na Rússia e o Pan-Americano, no México: ;Ela foi classificada para as duas como a número um do Brasil;, se orgulha Kely.

Os torneios serão em junho e julho deste ano, mas a falta de patrocínios faz a família encontrar barreiras no caminho até lá. ;Nossa vida é muito limitada para bancar todos os custos, que são altos. Ela se classifica para uma competição ótima e nós temos que gastar quase R$ 5 mil com inscrição, viagens e tudo mais. Chegamos a um momento que não temos mais de onde tirar. Recorremos aos empréstimos, mas agora não dá mais. Então nós vamos até onde der;, lamenta Hosana.

Para não deixar a aluna de fora das competições, Kely faz ligações, manda e-mails e se reúne com quem possa fornecer apoio. Enquanto isso, Ana Luísa segue treinando firme, sem deixar a peteca, as bolas, cordas ou fitas caírem. Esperançosa pela participação nos campeonatos internacionais, ela ensaia as séries que apresentará com um sorriso no rosto. ;Tenho que ter muito foco aqui, mas isso me faz muito bem. Me sinto feliz fazendo o que eu gosto e indo atrás do meu sonho;, conta. A mãe confessa que se imagina viajando com a filha para as olimpíadas, apesar de lamentar a falta de patrocínio no Brasil: ;É difícil termos uma perspectiva muito positiva, mas para isso que existem os sonhos, e eu acredito que a Ana Luísa vai ainda mais longe;, conclui.

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