Natália Ferreira*
postado em 12/04/2019 06:00
As características da geração Y, também conhecida como geração do milênio ou geração internet, vão ao encontro do perfil empreendedor dos jovens brasilienses. Constituído por pessoas que nasceram entre as décadas de 1980 e de 1990, dominam o cenário virtual e carregam um imediatismo natural para a resolução de demandas empresariais, esse grupo busca cada vez mais a realização pessoal ; maior motivação para a abertura de um negócio entre os empreendedores mais novos ; por meio de operações on-line. O principal atrativo, nesse caso, consiste no baixo custo operacional.
De acordo com pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que buscou traçar o perfil do jovem empreendedor brasileiro, um em cada três empresários (32%) cultivavam a ideia de ser empreendedor antes de completar 18 anos. O dono da loja virtual Bobo Guará, Daniel Ferreira, 26 anos, desde criança se interessa pela venda de produtos autorais. ;Eu sempre quis desenhar meus próprios produtos, então, em 2015, decidi sair da UnB (Universidade de Brasília) e aprender por conta própria, como ilustrar e criar produtos gráficos. Daí surgiu a Bobo Guará;, explica.
Ser dono do próprio negócio possibilitou que Daniel escolhesse o local onde daria início ao empreendimento e se dedicasse a temas de sua preferência. ;A criação de produtos do segmento nerd e sobre Brasília, universo em que estou imerso e sou apaixonado, facilitou o meu processo de aprendizagem. Para mim, a criação do site foi o caminho mais viável e barato para começar.;
Ele afirma que, embora o espaço físico seja atraente, pois os consumidores criam vínculos com os donos e funcionários, uma loja requer muitos recursos para se manter. ;No virtual, não há a obrigação de ter estoque, por exemplo. É possível produzir a encomenda após o consumidor efetuar o pedido. Também não é preciso ficar oito horas por dia aguardando o cliente;, ressalta.
Redes sociais
Além de sites, os jovens empreendedores têm apostado nas redes sociais para expor os produtos e interagir com os consumidores. A estudante de gastronomia Izabela Canuto, 20, dona da loja Doces da Iza, criou um perfil no Instagram para comercializar e divulgar os brigadeiros e ovos de Páscoa que produz. ;Na escola, eu vendia cerca de 150 brigadeiros no intervalo e lucrava bem, então, no início da universidade, utilizei o aplicativo para expandir os locais de atendimento;, afirma.
Por meio de indicações e visualizações das postagens, Izabela atende clientes em diversas regiões do Distrito Federal. ;A maioria das encomendas são feitas pelos moradores de Brazlândia, onde moro. As demais demandas, são de Taguatinga e da Asa Sul. Mas eu entrego onde o cliente achar melhor, basta combinar antes. A taxa de entrega varia de acordo com a distância.;
Entretanto, a estudante considera também as desvantagens de uma vitrine on-line. ;A utilização de anúncios acarreta na visibilidade de diversos perfis e localidades do Brasil, com isso, os consumidores deixam de ser acessíveis e reais. Não vanglorio números, prezo pelos clientes fiéis e concretos;, ressalta.
A loja de camisetas e canecas Iluminni, idealizada pelo casal Luis Augusto de Sousa, 26, e Laila Corrêa, 27, foi criada em 2017, quando ambos queriam mudar de profissão. Nas horas vagas, Luis fotografava e ela trabalhava como personalidade influente nas redes sociais. ;Esses hobbies nos incentivaram e despertaram nosso lado empreendedor. Quando surgiu a ideia de comprar uma máquina para estampar, logo começamos a fazer os produtos personalizados;, relata.
A relação custo-benefício influenciou o casal a empreender na rede social. Segundo Luís, as ferramentas que possibilitam as vendas on-line têm se aperfeiçoado e, em razão disso, os empresários veem oportunidade de investir nesse mercado. ;Os usuários, além de obterem os produtos, compram comodidade. Os clientes que atendemos preferem receber os produtos em casa do que ir até uma loja física. Para nós, a vantagem do virtual é a economia, não gastamos com aluguel e outras taxas;, explica o empresário.
No início, as peças da Iluminni eram fabricadas em casa, mas, com o aumento da demanda, houve a necessidade de terceirizar a produção. ;Atualmente, nós dois continuamos a confeccionar os produtos, porém os equipamentos são de uma empresa especializada em estampas e foi necessário expandir o espaço de fabricação.;
Potencial
Ainda de acordo com a pesquisa do Sebrae, cerca de 33% dos empresários até 24 anos fizeram alguma capacitação antes de empreender. Para desenvolver ideias de negócio, é preciso de conhecimento que depois seja colocado em prática. ;A maioria das pessoas nessa faixa etária não tem dinheiro ou herança quando saem da faculdade; então, é importante ter um plano B. Após a aprendizagem, a finalidade é que cheguem em casa e assimilem o negócio próprio como uma opção real de trabalho;, ressalta a professora da Escola de Empreendedores da UnB Kerlla de Souza.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 18,9% dos ocupados no DF trabalham por conta própria. ;O jovem deve entender que existe vida além do Estado, não há apenas concurso público no Distrito Federal. É necessário identificar a vocação e conhecer o mercado em que está inserido;, aconselha, o diretor superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira.
Passo a passo
Quer abrir o próprio negócio?
Confira as 10 dicas de ouro para quem quer empreender e ter sucesso:
1. Entenda as problemáticas do mercado e sugira uma solução inovadora
2. Trace um plano para o negócio
3. Pense em ideias para que a demanda do mercado seja atendida rapidamente
4. Esteja antenado às tendências do mercado
5. Abra-se a possibilidades antes descartadas
6. Tenha um plano B
7. Conheça pessoas do meio em que deseja empreender
8. Sempre busque conhecimento
9. Sinta-se satisfeito com o que faz
10. Tire a ideia do papel e tenha
coragem para agir
Características
Confira o perfil do jovem empreendedor no Brasil
Por idade:
8% - até 24 anos
32% - de 25 a 34 anos
61% - mais de 35 anos
Por sexo:
66% masculino
34% feminino
Escolaridade:
16% - ensino fundamental
42% - ensino médio
42% - superior
Por porte:
58% - Microempreendedor Individual (MEI)
34% - Microempresa (ME)
9% - Empresas de Pequeno Porte (EPP)
Fonte: Sebrae (resumo da pesquisa de outubro de 2018)
Fonte: Sebrae (resumo da pesquisa de outubro de 2018)
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer