Cidades

Primeira-dama do DF lidera projetos com foco em crianças e mulheres

Preparando ações sociais para o DF desde o governo de transição, Mayara Noronha estuda parcerias público-privadas para concretizar os projetos. Abertura da Residência Oficial de Águas Claras para atendimento à população faz parte dos planos

Jéssica Eufrásio
postado em 14/04/2019 08:00
Além de ações sociais, a primeira-dama pretende trabalhar no combate à violência contra a mulher
No mesmo caminho de outras mulheres que receberam o título, a primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha, alimenta sonhos e projetos em pouco mais de 100 dias do novo governo. Acompanhando de perto o trabalho do marido, Ibaneis Rocha (MDB), ela escolheu dois grupos como alvos dos primeiros trabalhos sociais da gestão: crianças e mulheres. Apresentando-se como uma figura mais reservada no período entre governos, a advogada, agora, encabeça os trabalhos com foco nesses dois públicos.

No fim de março, surgiu a primeira iniciativa, o Mulheres pelo DF. O incentivo ao empoderamento feminino e o trabalho da autoestima de mulheres em situação de violência doméstica são os objetivos principais. As participantes encontrarão uma rede de apoio, além de auxílio, em diversas áreas, para conseguirem deixar esse cenário. Nas regiões administrativas, haverá debates acerca de temas como saúde, segurança pública, educação e geração de emprego, que auxiliarão no desenvolvimento de políticas públicas para esse público.

Mayara ressalta que, por meio do programa, pretende descobrir quais são os pontos sensíveis de cada comunidade. ;Quero unificar esse grupo de mulheres e levar o programa que foi lançado aqui (no Plano Piloto) para as regiões administrativas. As mulheres que residem lá vão identificar do que precisam no local. Só elas sabem;, comenta a primeira-dama. Ela acrescenta que o incentivo por meio de ações positivas também funcionará como encorajamento. ;O empoderamento, em que acredito muito, é a forma de a mulher se desvincular, se desvencilhar desse ciclo de violência, trabalhando, tendo condições de se manter e de manter a família;, reforça.

Autonomia

Na mesma linha, outro projeto nasceu. A Trilha da Mulher Candanga visa permitir o crescimento de mulheres em seis áreas, cujas iniciais inspiraram o nome do programa. Tecnologia (T), Inclusão (I), Liberdade (L), Habilidades (H) e Atitude (A). Com o projeto, promovido com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, a proposta é facilitar o acesso ao conhecimento para desenvolver as habilidades e a autonomia das mulheres. Workshops, palestras e cursos incluem alfabetização, inclusão digital, relacionamento e incentivo ao empreendedorismo.

Segundo Mayara, o projeto abarca inúmeros pontos e deve atender de crianças a mulheres. ;Tenho recebido muitas demandas de mães que darão à luz e não têm condições de oferecer o primeiro suporte para a criança. Vi, de outros gestores, a dificuldade para implementar ações voltadas à primeira infância. Vou me reunir com algumas deputadas para verificar a melhor forma de agilizar esse processo;, detalha.

A expectativa é de que o Trilha da Mulher Candanga funcione na Biblioteca Nacional. Projetos anteriores, como o Criança Feliz, do governo federal, e o Mãezinha Brasiliense, criado pela deputada federal Flávia Arruda, também devem ser repaginados para inspirar novas iniciativas. Quanto às demandas de capacitação profissional e inserção das mulheres no mercado de trabalho, a primeira-dama estuda parcerias público-privadas com empresários.
Idosos e pessoas com deficiência também farão parte dos grupos atendidos em programas futuros. A promessa de campanha de Ibaneis para transformar a Residência Oficial de Águas Claras em um local de atendimento de pessoas com doenças raras não deve sair do papel. No entanto, Mayara Noronha quer que o local funcione com atividades para a comunidade, como hidroginástica, natação e psicoterapia.

;Fizeram estudos e não há viabilidade de receber pessoas lá. Recebi críticas de gente que dizia que devíamos aprimorar lugares que já existem. Minha intenção é fazer isso, mas por que não atender à comunidade?;, questionou Mayara. ;Podemos fazer parceria com faculdades. O espaço é bom. As ideias são boas e temos pessoas querendo colaborar;, completou.

; TRÊS PERGUNTAS PARA

Mayara Noronha, primeira-dama do Distrito Federal

A senhora tinha experiência com trabalhos sociais?
Todo ano participo de ações desse tipo. Principalmente no fim do ano, com o Grupo Acolher. Participo dele há uns quatro anos, aproximadamente. Ele surgiu com pessoas que se uniram para ajudar uma casa, uma creche. Hoje, o grupo está bem profissional. Todo mundo sabe do próprio papel. Uns pegam as doações, procuramos mudar outras instituições... O grupo está muito unido.

Acha positiva a associação que ocorre majoritariamente entre as primeiras-damas e o trabalho social?
Acho ruim. Mas o que venho identificando é que mulheres estão cada vez mais ativas. As primeiras-damas não querem fazer só um projeto social em si. Elas querem colaborar com o governo, e eu sempre tive essa vontade. Comentei, ainda em 2018, que minha vontade também era trabalhar com a parte da violência. Já fui vítima dela e quero trabalhar com isso. Ainda há tempo. Só não consegui sentar com a Secretaria de Segurança Pública para tratar desse assunto. Meu pilar, hoje, é a criança e a mulher. Tive total apoio do Ibaneis quanto a isso. Não vou ficar vinculada apenas às demandas sociais. Como tem tido demanda, estou saindo muito. Não vou ficar restrita a ações sociais.

O que falta para os planos com a Residência Oficial saírem do papel?
Ibaneis não quer gastar dinheiro público para arrumá-la. Ela está precária. A verdade é essa: para atender à comunidade do jeito que está, não tem condições. Esta é a hora em que quero fazer a parceria público-privada. Estou fazendo estudo de tudo que é lado. Quero achar essa solução com empresários, mas ainda não defini. Preciso, primeiramente, arrumar (o espaço). Minha intenção é que as pessoas que estiverem em Brasília tenham interesse em conhecê-la. O atendimento na Residência Oficial de Águas Claras será para a comunidade toda. Colocaremos crianças e idosos para aproveitar os espaços, mas ainda temos de pensar na locomoção, na parte do transporte.

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