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Cidades

Sob ameaça de tempestade, tesourinhas e vias da Asa Norte serão bloqueadas

Medida é paliativa. Novo projeto de drenagem das águas pluviais precisa ser feito para o Plano Piloto, mas ainda não há previsão

Diante do alerta de nova tempestade para esta segunda-feira (22/4), o Governo do Distrito Federal decidiu que as tesourinhas e vias que ficaram alagadas ontem (21/4) serão interditadas pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF) quando necessário, para evitar acidentes. A medida foi anunciada pelo vice-governador, Paco Britto. O bloqueio poderá ocorrer nas quadras 202, 203, 209, 210 e 711 da Asa Norte. O vice-governador ressaltou que mais acessos podem ser bloqueados, caso os técnicos avaliem a existência de risco para o cidadão.
Além disso, as bocas de lobo das quadras 209, 210, 711, 201 e 202 Norte serão limpas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), para evitar novos entupimentos. Apesar de determinar a limpeza, Britto garantiu que todas já haviam sido desobstruídas no mês passado.

Plantão na Novacap

Outra novidade anunciada hoje foi a criação de uma equipe de plantão da Novacap, que fará a poda e retirada de árvores, assim como desobstrução de bocas de lobo. A solução é paliativa, como destacou o vice-governador. O secretário de Obras, Izídio Santos Júnior, afirmou que não existe solução imediata. Segundo ele, se for preciso, a cada chuva, é possível que as tesourinhas sejam interditadas novamente. "A quantidade de lixo que parou no início da Asa Norte, ontem, contribuiu para o entupimento das bocas de lobo", explicou.

Projeto parado

A longo prazo, o governo estuda um novo projeto de drenagem de águas pluviais do Plano Piloto. O secretário explicou que o projeto Águas do DF está parado desde 2008. "Chegou a ser assinado um contrato e depois caiu. Várias situações aconteceram. Problemas com o Iphan, que exige bacias enterradas e as que foram projetadas ficam a céu aberto; problemas com o Tribunal de Contas do DF (TCDF), problemas de toda sorte", descreveu.
Segundo ele, o projeto precisaria ser atualizado e uma nova licitação deve ser feita. Contudo, não há previsão de quando isso vai acontecer. Ele afirmou ainda que a construção do Estádio Nacional contribuiu para os alagamentos. "Você muda a área de influência dessas águas pluviais e acarreta nisso. Tem novo dimensionamento das redes. Há a necessidade de um novo projeto", afirmou.
O processo a que o secretário se refere examina a concorrência de pré-qualificação para a primeira etapa para execução de drenagem pluvial no Plano Piloto. "Em nenhum momento o processo esteve parado no Tribunal de Contas do DF", afirmou o tribunal, por meio da assessoria. "Ele foi autuado em junho de 2013. Na primeira análise promovida, o corpo técnico encontrou sobrepreços de até 100% em vários itens e outras supostas irregularidades. No mesmo ano, a Novacap decidiu adiar a licitação sine die (sem prazo definido). Quando da reabertura do certame, em 2015, o TCDF fez nova análise do edital com a máxima celeridade possível", explicou.
Em 27 de julho do mesmo ano, a Corte decidiu determinar à Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos do Distrito Federal (Sinesp), como condicionante para a continuidade da segunda etapa do projeto a renovação da Licença Prévia; que corrigissem as composições de referência de diversos serviços; que indicassem, no edital, quais serviços serão reajustados por cada índice a ser utilizado; entre outras exigências.

Já em 15 de outubro, o Tribunal, por unanimidade, decidiu considerar cumprida a determinação anterior, com exceção da obtenção de Licença Prévia, e autorizar a Novacap e a Sinesp a dar prosseguimento à licitação. Em seguida, a corte questionou o cumprimento das determinações e dos alertas feitos. Em 10 de março de 2017, a Associação Brasileira de Engenheiros de Obras Públicas (ABEOp) protocolou uma denúncia apontando supostas irregularidades nos processos licitatórios do Programa Águas do DF, por isso, em seguida, o TCDF deu um prazo de cinco dias para a Novacap se manifestar. Depois de outras idas e vindas na corte, em 12 de abril deste ano, a Sinesp protocolou no TCDF o Relatório de Viabilidade - Drenar/Taguatinga para avaliação do tribunal. O documento está em análise pelo corpo técnico do TCDF.

Balanço dos prejuízos

Segundo relatório feito pelo GDF, ontem o Corpo de Bombeiros atuou com mais de 60 profissionais em 11 inundações e 40 cortes de árvores. Hoje, 40 bombeiros estão escalados para ocorrências causadas pela chuva. Locais que ficaram completamente inundados, como a estação Central do Metrô e o posto do Na Hora, da Rodoviária, já foram desobstruídos e operam normalmente. O GDF garante que não houve avaria na infraestrutura do Metrô.
Pela manhã, a W3 Norte foi liberada no sentido Lago Norte-Rodoviária. Até o fim do dia, o sentido inverso também estará desbloqueado. Na Asa Norte, as áreas mais afetadas foram as quadras 211, 214, 415 e 416, onde houve queda de energia. Na 711, há áreas alagadas e um veículo submerso. Na 712, uma árvore de grande porte caiu e, na 202, houve ocorrência de enxurrada.
Na 209 Norte, um carro ficou submerso em tesourinha e na 309 um supermercado parcialmente ilhado. Prédios na 208, 108, 209 e 202 tiveram as garagens alagadas. No Setor Bancário Sul, uma cratera se abriu e na Universidade de Brasília (UnB), várias salas do subsolo do Instituto Central de Ciências (ICC) ficaram alagadas. Houve ainda queda de árvores sobre fiação no Lago Sul.
Em nenhuma das ocorrências houve registro de vítimas. No Hospital Regional da Asa Norte (Hran) a chuva também prejudicou o atendimento. Hoje, a Novacap faz o levantamento dos reparos que serão necessários.