Helena Mader
postado em 30/04/2019 06:00
Em uma reunião tensa, que contou com a presença do governador Ibaneis Rocha (MDB), representantes da empresa Urbanizadora Paranoazinho S.A. apresentaram a tabela com os preços finais de terrenos de 54 condomínios de Sobradinho. Os loteamentos englobam 6 mil imóveis, que serão legalizados por valores entre R$ 11 mil e R$ 90 mil por lote. O encontro de conciliação durou quase duas horas e foi marcado por negociações, propostas, contrapropostas e pelo bate-boca entre o chefe do Buriti e uma advogada que representa moradores de condomínios da região. A discórdia teve início a partir da resistência de alguns síndicos e advogados em fechar um acordo para regularizar a área.
Desde que assumiu o governo, Ibaneis anunciou que o GDF atuaria para acelerar a regularização de parcelamentos em terras particulares, por meio da criação de um comitê de mediação. Foram realizados encontros conciliatórios entre representantes do Executivo local, da Urbanizadora Paranoazinho e moradores, mas a reunião de ontem foi a primeira com a participação do governador.
Ibaneis contou que conhece bem o problema porque, há mais de duas décadas, comprou um lote no Condomínio Solar de Athenas. ;Paguei em 30 parcelas, com muita dificuldade, no início da minha carreira. Conheço muito bem a situação e sei que a melhor saída é o acordo. A ideia é todo mundo ceder um pouco, para chegarmos a uma solução;, argumentou Ibaneis, na abertura da reunião.
O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Mateus de Oliveira, lembrou que, desde o início das tratativas, houve avanços significativos. ;Conseguimos construir um entendimento sobre os principais aspectos que dificultavam o acordo;, disse. O secretário acrescentou que havia três possibilidades para definir os preços: estabelecer valores de mercado, realizar a venda dos terrenos a partir do custo para regularizá-los ou definir os valores em uma livre negociação. A última proposta prevaleceu.
;O papel do governo tem sido importante para demonstrar às partes a importância do acordo para que a demora não prejudique ainda mais a regularização de todo o setor. Isso atrasa a realização de obras de infraestrutura, que serão feitas pela empresa;, alertou Mateus. ;A nossa visão é de que a última proposta foi bastante razoável, bem abaixo dos preços de mercado;, explicou.
Na reunião, o diretor presidente da Urbanizadora Paranoazinho, Ricardo Birmann, avaliou que a regularização da região solucionará problemas urbanos, como os causados por uma enxurrada na Avenida São Francisco, na semana passada. ;Queremos qualificar a região, trazer comércio e serviços, equipamentos públicos, escolas e postos de saúde;, comentou.
Depois de aceitar reduzir os valores pelo menos duas vezes no encontro, Ricardo fez uma proposta final que prevê cobranças que variam de R$ 68,50 por metro quadrado no Setor Contagem 1 a R$ 117,65 por metro quadrado no Setor Grande Colorado (veja O custo). Pela proposta, quem pagar à vista ou financiar os terrenos pelo BRB terá desconto de 15% sobre esse valor. Com isso, os lotes no Condomínio Solar de Athenas, um dos maiores da região sairão pelo valor médio de R$ 82 mil.
Tensão
Representando moradores e condomínios da região, a advogada Maria Olímpia Costa Stival insistia em um preço final médio de R$ 60 por metro quadrado, valor rejeitado pelos representantes da Urbanizadora Paranoazinho S.A. Diante da resistência dela em aceitar uma proposta para colocar fim ao imbróglio, Ibaneis se irritou e bateu boca com Maria Olímpia. ;Você está ganhando na sua advocacia em cima das dificuldades dos outros. Você quer que a coisa se arraste;, alegou Ibaneis. Maria Olímpia disse que recebeu os honorários e que, agora, trabalha de graça para os moradores. Com o embate, a reunião foi encerrada e remarcada para 13 de maio. Até lá, os condomínios poderão realizar assembleias para debater os valores.
Apesar do clima tenso no encerramento do encontro, Ricardo Birmann está otimista quanto a um acordo definitivo. ;A gente tem confiança de que haverá adesão grande dos moradores. O preço foi subsidiado e está muito baixo. Os moradores ainda terão condições extremamente favoráveis, como o desconto de 15% para pagamentos à vista ou para financiamento pelo BRB. A nossa aposta é de que os moradores vão querer virar essa página e que poderemos começar a fazer obras e realizar as compensações ambientais;, ressaltou Ricardo.