Cidades

Projeto social leva 13 atletas brasilienses a campeonato de jiu-jítsu

Equipe de atletas de Brasília participa do Campeonato Nacional de Jiu-Jítsu 2019 graças a projeto social desenvolvido em São Sebastião

Bruna Lima
postado em 30/04/2019 06:00
Equipe formada por 13 atletas representou o Distrito Federal na competição e voltou com dois ouros, uma prata e dois bronzes
Disciplina, foco, superação e coragem. Foi uma combinação de virtudes o que 13 atletas mirins desenvolveram por meio do esporte e conseguiram aplicar no Campeonato Nacional de Jiu-Jítsu 2019. No último fim de semana, meninos e meninas do projeto social Campeão, desenvolvido há cinco anos em São Sebastião, tiveram a oportunidade de ir a São Paulo competir no maior evento do país na modalidade e trouxeram cinco medalhas para a capital federal: dois ouros, uma prata e dois bronzes.

Por trás de cada premiação, uma história de vida que nem mesmo a conquista de um lugar no pódio é capaz de contar. Com muito foco e dedicação, Rayssa Gomes da Silva, 13 anos, se tornou a menina de ouro. ;O esporte mudou o meu jeito de pensar, de me organizar, de me superar. Quero ser atleta e, no futuro, poder realizar projetos como esse para ajudar outras crianças a também alcançarem seus sonhos.;

Rayssa é a caçula de quatro filhos e a mãe dela, Regileny Vieira da Silva, 40, trabalha com serviços gerais em um supermercado para sustentar a família. ;Eu não teria condições de bancar essa viagem. Então, fico muito feliz pela conquista dela, que só foi possível pela dedicação, vontade de Deus e a oportunidade oferecida pelo projeto. O esporte só trouxe mudanças positivas e sinto muito orgulho de tudo que a Rayssa vem se tornando;, diz a mãe, emocionada.

Caçula de quatro irmãos, Rayssa Gomes da Silva, 13 anos, trouxe a medalha de ouro para casa
O caso de Jonatha Michael Lopes Silva não é diferente. Aos 15 anos, o jovem trava uma batalha diária para conciliar os estudos, trabalho e os treinos. ;A rotina é intensa e cansativa, mas necessária. Preciso estudar para conseguir alcançar meu objetivo de me tornar veterinário; trabalhar para ajudar minha mãe com as contas de casa; e treinar para evoluir sempre. Tudo tem que ser feito com equilíbrio, vontade e amor;, conta.

Buscando até as últimas forças, ele se tornou o mais novo campeão nacional mirim de jiu-jítsu. ;A ficha ainda não caiu. Eu estou muito grato porque consegui realizar um sonho e mostrar para quem nos ajudou que não foi em vão. É a forma de retribuir toda a dedicação que os professores têm pela gente. Eles fazem de tudo para nos ajudar, até mesmo com materiais escolares, presentes, uniforme e o kimono;, observa o adolescente.

Para competir, os 13 atletas tiveram que aplicar esforços para muito além dos treinos. Debaixo de sol e chuva, bateram de porta em porta vendendo rifas para conseguir custear a viagem. Contaram com a ajuda de comerciantes, que doaram jantares, produtos e mensalidades grátis para servir como premiação. No caso dos dois novos campeões brasileiros, correr atrás teve um significado ainda mais amplo. Enquanto o desafio de Rayssa foi contra o relógio para fazer uma identidade e tirar o CPF a tempo da viagem, o de Jonatha foi contra a balança. Ele precisou se exercitar muito antes da luta para bater o peso e conseguir participar.

Jonatha Michael Lopes Silva, 15 anos, também subiu ao lugar mais alto do pódio

Esforço

;Além de conseguir os resultados merecidos, todos os alunos mostraram que não há dificuldades que impeçam os sonhos de cada um. Mas é necessário ter muita garra para evoluir. Com uma medalha na mão ou não, todos sabem que são vencedores só de ter participado e viveram a experiência de lutar pelo que querem, competir, cair e levantar, sem desistir;, afirma o sensei e idealizador do projeto, Adalberto Antônio Ventura, 49, mais conhecido como Betinho.

;Não arrecadamos todo o valor necessário; então, paguei muita coisa do meu próprio bolso. Sempre temos que ir atrás de colaboradores, patrocinadores, doações. Mas, até aqui, conseguimos com a ajuda da comunidade, de Deus e o esforço de cada um. Dessa vez, não vai ser diferente;, espera Betinho. Para cobrir os gastos, uma vaquinha on-line foi criada e permite que qualquer pessoa faça contribuições, por meio do link www.vakinha.com.br/vaquinha/490730.

Atualmente, o Projeto Campeão atende a mais de 110 crianças e conta com sete voluntários. Há cinco anos, a iniciativa busca oferecer, por meio do esporte, a oportunidade de desenvolvimento de valores e cidadania. ;A criança ocupa a mente e trabalha o corpo com uma atividade positiva. O esporte trabalha a inclusão, o respeito, o senso de responsabilidade. É a nossa luta diária e constante;, conclui o sensei.



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