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Comerciantes da Feira da Guariroba temem prejuízo por falta de energia

Obras suspensas no comércio podem deixar mais de 200 feirantes sem energia elétrica e inviabilizar funcionamento das bancas. Administração Regional informou que intervenção está 90% concluída, mas não deu prazo para entrega

Walder Galvão
postado em 08/05/2019 06:00
A venda de galinhas no local é a única fonte de renda de Sebastião e da mulher, que contam com 4 funcionários
Mais de 200 comerciantes da Feira Permanente da Guariroba, em Ceilândia, podem ficar sem eletricidade. No fim do ano passado, a administração regional da cidade iniciou obra para trocar os dispositivos de abastecimento de energia. No entanto, a manutenção foi interrompida. O equipamento atual não suporta a quantidade de lojas instaladas no lugar, além de não permitir a individualização das contas, o que gerou acúmulo de tarifas para os comerciantes. Por isso, a Companhia Energética de Brasília (CEB) precisará interromper o fornecimento, deixando o complexo comercial fora de funcionamento. A feira tem mais 736 boxes, dos quais mais de 500 estão ocupados por 250 feirantes.

Para a maioria, o comércio é a única fonte de renda. Há 35 anos, Sebastião Alves Torres, 60, começou a trabalhar no complexo comercial como vendedor de galinhas. Os equipamentos que ele usa para abater os animais são movidos a energia elétrica. ;Pagamos todas as nossas taxas e as contas. Estamos muito preocupados, porque estamos de mãos atadas;, lamenta. Ele trabalha no local com mais quatro funcionários e a mulher. ;Toda essa situação é muito constrangedora. Como vou explicar isso para a minha equipe?;, questiona. O feirante ainda ressalta que não tem outra fonte de renda e que precisa manter o comércio funcionando para se sustentar. ;Aqui (na feira) é a minha roça. Não tenho aposentadoria e preciso dela para sobreviver;, ressalta.

O feirante Márcio Luiz Silva, 42, tem uma gráfica de comunicação visual na feira. Todos os equipamentos do empreendimento são ligados à tomada. ;Estou aqui há 11 anos e nunca pensei que enfrentaria uma situação dessas;, reclama. Márcio emprega sete funcionários e, como Sebastião, tem a feira como única fonte de renda. ;Não tenho a mínima condição de trabalhar sem energia. Mesmo que o desligamento seja temporário, terei muitos prejuízos, porque meus acordos com clientes são feitos com prazos;, diz. Morador do Sol Nascente, ele abre o negócio de segunda a sábado.

Reforma interrompida


O secretário Administrativo da Administração da Feira da Guariroba, Marques Célio Rodrigues de Almeida, relata que as obras para a troca dos equipamentos de fornecimento de energia começaram em 10 de outubro e deveriam ter ficado prontas até 10 de janeiro. ;Trocaram todos os equipamentos, instalaram os relógios individuais, mas a empresa responsável pelo procedimento informou que não havia material suficiente e as obras estão suspensas desde então;, afirma. De acordo com Marques, apenas alguns boxes têm energia individual. Por isso, as contas são repassadas aos outros feirantes por meio de taxas.

No entanto, os valores passaram a não bater no fim do mês. ;A conta de energia subiu. Por isso, estamos com débitos pendentes. Se instalarem os equipamentos necessários, tenho certeza de que o montante diminuirá e conseguiremos quitar tudo que está pendente;, afirma. Por meio de nota, a Administração Regional de Ceilândia, responsável pela Feira Permanente da Guariroba, informou estar ciente da situação do complexo comercial. De acordo com a regional, 90% da obra está concluída, no entanto, ainda falta distribuir a individualização para a alimentação da rede de energia elétrica dos boxes.

;A empresa que ganhou a licitação informou que faltam R$ 89 mil para o cabeamento de energia elétrica, que é a conclusão do projeto;, afirmou, em texto. No total, a reforma custou pouco mais de R$ 489 mil. A administração não estipulou prazo para a finalização dos trabalhos. No entanto, informou que, amanhã, às 15h30, se reunirá no Palácio do Buriti com representantes do Governo do Distrito Federal (GDF), da feira e da empresa à frente da obra para debater o assunto. A CEB confirmou ao Correio que há débitos pendentes por parte dos feirantes e que eles têm 30 dias para regularizar a situação. Caso contrário, terão o fornecimento cortado.

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