Cidades

Artistas se mobilizam contra medidas do GDF para a cultura local

Os cortes anunciados no FAC, fundo de fomento à cultura do DF, devem afetar parte de R$ 25 milhões destinados à produção artística

Ricardo Daehn
postado em 11/05/2019 19:10
Os manifestantes se reuniram no fim da tarde sábado (11/5) na 215 Norte, quadra onde mora o Secretário de CulturaMais de 60 artistas do Distrito Federal fizeram neste sábado (11/5) uma manifestação contra os cortes anunciados para o fomento da cultura. O local escolhido para o protesto chamou a atenção: o prédio onde mora o secretário de Cultura do DF, Adão Cândido. O FAC (Fundo de Apoio à Cultura) é a peça-chave do embate, previsto para chegar à Justiça. Na reorientação do governo, o fundo passaria a financiar metas ligadas ao patrimônio da capital. Inclusive, parte da reforma do Teatro Nacional.
Entre as medidas anunciadas pelo GDF, investimento nas casas de espetáculos, museus e estruturas físicas dedicadas à difusão de cultura reordenaria gastos da ordem de R$ 25 milhões. "A gente é muito educado, e tentamos, por meio de intervenção amorosa, repleta de alegria e energia, chamar o secretário para uma conversa que ainda não aconteceu. Tivemos tentativas anteriores deste encontro, mas não ocorreu. Não existe nem respaldo jurídico para que os novos direcionamentos da secretaria sejam adotados", observa a produtora cultural Liana Farias.
Presente em nove obras artísticas da cidade, em 2018, a produtora afirma que atuar em funções diferenciadas ; em termos técnicos ; é prática comum e necessária. "Fala-se em enonomia criativa, mas há uma visão equivocada. A cadeia da economia criativa tem de girar. É impossível a um profissional se manter, por um ano, com o cachê de um espetáculo. Além disso, o dinheiro reservado a um projeto é dividido entre diversos profissionais", argumenta a produtora.
A mobilização na SQN 205 contou com presença de artistas como Rênio Quintas e Abaetê Queiroz, além de integrantes da Andaime Cia. de Teatro e representantes do segmento audiovisual, poupados do corte da recém-rebatizada Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF.
Presente na manifestação ; que deverá se desdobrar em nova mobilização, na tarde da próxima quinta-feira, no Teatro Nacional ;, a atriz e produtora Clarice Cardell foi enfática: "Está em jogo a cadeia produtiva de cultura no DF. Haverá um prejuízo que atigirá 12 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos. As medidas têm sido tomadas sem nenhum diálogo com a classe. Há um risco para todas as realizações culturais fora da área do Plano Piloto. Com o FAC, os artistas chegavam a áreas sem acesso à cultura. Agora, isso está ameaçado".

Novas prioridades


Em entrevista exclusiva ao Correio, publicada na edição de hoje do jornal, o secretário Adão Cândido oficializou as novas propostas e comentou a revisão das diretrizes pretendidas na gestão dele. Ele explicou que há duas frentes de editais em tramitação: o FAC Ocupação, destinado ao uso de espaços e equipamentos públicos; e o FAC Regionalizado, de 2018, de estímulo a ações culturais nas regiões administrativas do DF. Juntas, as correntes mobilizam montante superior a R$ 15 milhões.

Na entrevista, Adão Cândido enfatizou as novas prioridades do governo. "Houve mudança de postura, sim. Esse governo tem outras prioridades, entre elas, o patrimônio, no topo", confirmou.

Ainda neste sábado (11/5), a Secretaria de Cultura anunciou que lançará um edital para revitalização do Teatro Nacional Claudio Santoro, fechado desde 2014. O valor disponibilizado para as intervenções será de R$ 25 milhões, e os trabalhos devem começar pela Sala Martins Penna. No entanto, não há data definida para a publicação do documento, pois a pasta ainda realizará audiências públicas sobre o tema.

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