Cidades

Artigo: Obrigada, mainhas

Ana Dubeux
postado em 12/05/2019 09:48
Ilustração de coruja cuidando de filhotes no ninho
Tirei a sorte grande. Milhões de mega-senas numa única vida. Sou abençoada pela maternidade. Não apenas pelos filhos que tenho, a maior bênção de uma vida, mas pelas mães que tive, tenho e guardo comigo desde sempre e para todo o sempre. Quando paro para pensar na minha existência neste universo, tenho a mais absoluta certeza de que sou fruto germinado por amor genuíno e puro: o materno. É uma sorte ter consciência disso.

Minha mãe biológica foi a criatura mais generosa, inteligente e dedicada que conheci. Uma mulher simples, mas à frente de seu tempo. Fez das canções e dos livros seus escudos diante da imbecilidade alheia. Nunca deu ouvidos a preconceitos. Deu sempre importância ao que era de fato importante. Pequenina, foi um grande esteio para os filhos e netos, que tiveram o prazer de compartilhar tempo e espaço com ela. Hoje, ela habita as nossas mais doces lembranças.

Mas posso dizer que colecionei ao longo da vida outras figuras maternas. Nasci no dia de Santa Ana, mãe de Maria. Meus padrinhos esqueceram o dia do meu aniversário, e o padre encontrou uma solução rápida: colocou Nossa Senhora como minha madrinha. De fato, não podia haver solução melhor. Tenho provas irrefutáveis de que Nossa Senhora está comigo em todos os momentos. Ela mora na minha dificuldade; põe no colo meu corpo cansado; afaga minha alma e me leva a correr pelos campos férteis da imaginação. Diariamente, opera milagres na minha vida.

Sou filha caçula de quatro irmãos. Minhas duas irmãs cuidaram de mim como mães. Vigiando, orientando, acarinhando, mimando, organizando minhas coisas, atendendo a meus chamados e necessidades. Na escola, tive uma linhagem de professoras incríveis, algumas rigorosas e firmes, como dona Gorete, outras suaves e leves, como Luciana. Lembro-me dos nomes, dos rostos, dos sorrisos, dos abraços, das broncas e das histórias de muitas delas. As professoras carimbaram meu passaporte para o conhecimento ; e isso muda tudo, até hoje.

De certa forma, todas essas mulheres olharam para mim como filha. Não há nada mais reconfortante nesta vida do que se sentir envolvida por uma malha de proteção impenetrável. Essa roupa chamada amor materno nos veste para a vida. Feliz Dia das Mães a todas as mulheres que cumprem a jornada de amar, educar e proteger os seres humanos!

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