Juliana Andrade
postado em 20/05/2019 06:00
Colocar o corpo em movimento é fundamental para a saúde e o brasiliense está consciente disso. Basta dar algumas voltas pela cidade para avistar alguém fazendo caminhada, outros andando de bicicleta, alguns se exercitando nos Pontos de Encontro Comunitário (PECs) ou até mesmo grupos reunidos na prática da ginástica. Tudo ali, ao ar livre, sob o belo céu de Brasília.É com brisa no rosto, óculos de sol e um casaco, caso as temperaturas caiam, que a aposentada Vilma da Luz Vieira, 77 anos, segue fiel à atividade física. Todo dia, por volta das 8h, ela caminha até um dos pontos comunitários no Cruzeiro para fazer exercícios. ;Eu uso todos os aparelhos aqui. Eles ajudam muito no equilíbrio e na diminuição das dores da idade;, comenta.
Os PECs se tornaram um refúgio para quem não gosta do ambiente fechado das academias. Os aparelhos podem ser encontrados em diversos pontos da cidade. Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), há 672 PECs instalados em todo o DF. Grande parte deles está próxima a praças e quadras de esporte.
[SAIBAMAIS]A administradora Carla Rafael Chaves, 30, frequenta um instalado na Asa Norte. ;Eu gosto daqui porque é um espaço aberto. A gente se exercita olhando para a natureza. Geralmente, a academia é fechada, tem um odor de suor. Aqui não, o ar é puro;, diz. Mãe de duas crianças, ela conta que aproveita o espaço perto de casa para não se tornar sedentária.
Dados apontam que Brasília é uma das cidades onde os moradores mais praticam atividades físicas no país. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2017, mostrou que 53,8% dos adultos da capital praticam pelo menos 150 minutos de exercício por semana. Para o presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Eloir Simm, não só a capital, mas todas as unidades da Federação são ricas em espaços livres para atividades. ;Indicamos, sempre que possível, que as pessoas façam atividades próximo à natureza, em parques e praças. Em Brasília, há muitos espaços arborizados de fácil acesso à população. É ótimo poder aproveitá-los;, afirma.
A aposentada Maria Perpétuo Socorro Ferreira, 89, é um exemplo disso. Se dependesse apenas de academias, seria mais um número nas estatísticas de sedentarismo. A brisa da manhã e o barulho das folhas das árvores em movimento na Quadra 113 da Asa Norte são um incentivo a mais para garantir o pique. ;É muito bom. Eu não gosto daqueles aparelhos automáticos, acho rápidos e fico com medo. Aqui, eu vou no meu ritmo;, justifica.
E se engana quem pensa que nas ruas não há personal trainer. A aposenta Inah Fontes, 84, também levou o professor André Vieira, 29, para a rua. ;A gente decidiu fazer algo diferente. Aqui é ótimo, é bem arborizado. São aparelhos leves, sem carga, por isso o risco de lesão são bem baixos;, analisa o profissional sobre o PEC na Asa Sul. ;É um bom lugar para os idosos, principalmente para quem não pode pagar a academia;, complementa Inah.
Eloir Simm, da ABQV, alerta que é sempre importante ter um profissional de educação física ao lado na hora de fazer exercícios. Ele entende, porém, que nem sempre é possível e afirma que a maioria dos aparelhos públicos são simples de utilizar, além de ser fácil encontrar conteúdos na internet que ensinam, de forma correta.
Socialização
Em alguns locais, é comum encontrar pessoas com fones de ouvido, concentradas em seus exercícios, mas esse não é o caso das aposentadas Maria das Dores Rodrigues, 70, e Maria Aparecida Lima, 69. As duas se conheceram no projeto Ginástica nas Quadras e se reúnem três vezes na semana com cerca de 20 pessoas para fazer atividade física no Parque Olhos d;Água. De acordo com elas, fazer atividade física ao ar livre é muito mais motivador. ;Eu já tentei fazer academia e desisti. Aqui, você respira ar puro;, comenta Maria Aparecida.
O Ginástica nas Quadras é um projeto da Secretaria de Educação que oferece atividades físicas gratuitas em diversos locais público do DF. Professores de educação física da rede pública promovem aulas de ginástica,localizada, alongamento, entre outras modalidades. A iniciativa está presente em pelo menos 12 cidades do Distrito Federal, em escolas ou em locais a céu aberto.
A professora Tânia Reis faz parte do projeto desde 1998 e, há cerca de 14 anos, promove a atividade no parque. ;Dei aula em academia por muitos anos, mas é um prazer poder trabalhar ao ar livre, respirar ar puro e estar em contato com o verde;, ressalta. Tânia acrescenta que a atividade vai além dos exercícios e o grupo já se tornou uma comunidade. Ela frisa que eles combinam diversos programas, como idas ao cinema e a clubes. Atualmente, o grupo planeja uma viagem para Pirenópolis (GO).
Qualidade de vida
Antônio Macedo, 74, também não dispensa o ar fresco e a atividade à luz do sol. O aposentado ama andar de bicicleta e, pelo menos três vezes na semana, percorre cerca de seis quilômetros pela cidade. Porém, a atividade não se resume às pedaladas. Ele menciona que o caminho é apenas um aquecimento para a aula de ginástica de que ele participa no Parque Olhos d;Água. ;Eu venho de bicicleta da 308 e volto. Esse é o meu aquecimento. Chego, tiro o capacete e vou para a ginástica;, relata. Seu Antônio mantém a rotina de exercício há seis anos. ;Eu tenho perseverado, e a consequência é a saúde;, enfatiza.