Cidades

Polícia investiga 14º feminicídio

Correio Braziliense
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postado em 24/05/2019 04:28
A suspeita de que Edileuza tenha sido morta por conhecido de rede social


Aos 68 anos, a servidora pública aposentada da Secretaria de Educação Edileuza Gomes de Lima vivia com a filha caçula, de 33 anos, há mais de 40 anos em Taguatinga Norte. Divorciada há mais de quatro décadas, a mulher começou a se relacionar com Rocemiro Penuaro Ferreira da Silva, 44, em fevereiro, por meio de uma rede social. Dois meses depois, após um dos encontros do casal, ela foi encontrada morta dentro de casa, com um cabo USB enrolado no pescoço e uma sacola plástica na cabeça. Para a Polícia Civil, Edileuza é a 14; vítima de feminicídio do Distrito Federal em 2019.

Os investigadores da 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) ainda não descobriram a motivação do crime. Inicialmente, o caso era tratado como suicídio. Como a casa não tinha sinais de arrombamento, a filha de Edileuza acreditou que a mãe teria se matado ; ela não sabia do relacionamento. No entanto, o delegado Gustavo Araújo informou que a perícia constatou o assassinato. ;Houve emprego de força na morte da vítima. Ela não teria conseguido se matar com um cabo USB. Além disso, tivemos acesso às redes sociais dela, nas quais havia conversas com Rocemiro. Eles marcaram um encontro no dia do crime, dentro da residência;, revelou.

A filha da vítima permitiu que os agentes checassem as conversas da mãe nas redes sociais. A partir disso, eles identificaram Rocemiro e o prenderam na tarde de quarta-feira. Aos policiais, ele negou o crime e disse que não teria ido à casa de Edileuza. ;O depoimento do suspeito estava cheio de inconsistências e contradições. Conseguimos bastantes indícios contra ele;, ressaltou Gustavo. Minutos após o crime, o acusado mandou uma mensagem para Edileuza. Escreveu que não poderia ir à casa dela, terminou o relacionamento e a bloqueou na rede social.

Segundo a investigação, o suspeito fugiu do local do crime e levou o celular da vítima. Aos investigadores, Rocemiro contou que ganhou o aparelho de Edileuza e o vendeu na Feira do Rolo, em Ceilândia. ;Como ele não assume ter cometido o crime, ainda não conseguimos traçar o que o motivou. Suspeitamos que, talvez, ele estivesse atrás dos cartões bancários dela, que estavam com a filha no dia do assassinato;, afirmou o delegado.

Após a prisão, os policiais encontraram mais de 10 conversas do acusado com outras idosas. Para o delegado, essa pode ser uma forma de ele agir, enganando as vítimas e praticando golpes. ;Primeiro, precisamos fechar esse caso e indiciar Rocemiro. Ele está preso temporariamente. Em seguida, daremos continuação às investigações para identificar se ele cometeu outros delitos;, explicou. Os policiais também trabalham com a hipótese de que outra pessoa tenha participado do crime, mas não divulgaram maiores informações.

Sobre o caso ser um feminicídio, a Secretaria de Segurança Pública, em nota, informou que a linha de investigação do caso é feminicídio, mas apenas o fim das investigações poderá apontar a natureza do crime.

Reservada

Na vizinhança, Edileuza é descrita com animada e cheia de vida. ;Ela podia ter de tudo, diabetes, um problema na perna, mas, acima de tudo isso, tinha vontade de viver. Nunca acreditamos que ela tinha se suicidado;, relatou um vizinho, que preferiu não se identificar. Um dos melhores amigos da vítima, o aposentado Alaor Fernandes Lopes, 75, a conheceu em 1981, quando se mudou para a quadra. ;A gente passava o dia conversando asneiras, mas ela era muito reservada quando o assunto era relacionamento;, contou.

De acordo com Alaor, a amiga era muito feliz e não deixava se abater. ;Ela se afastou do trabalho porque teve um infarto, mas sempre continuou animada. Uma pessoa muito querida por todos. Desde que moro aqui, nunca houve uma reclamação sobre ela;, comentou.

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