Mariana Machado
postado em 24/05/2019 09:45
Um ano e quatro meses depois de assassinar a esposa, Alessandro Ferreira Floriano, de 48 anos, foi a julgamento pelo Tribunal do Júri de Santa Maria. Isa Mara Dantas Longuinho Floriano, de 51 anos, foi assassinada e teve o corpo incendiado. Ela e o agressor eram casados há 18 anos. Na madrugada de hoje, ele foi condenado por homicídio qualificado, destruição de cadáver e fraude processual a 22 anos e quatro meses de prisão em regime fechado e dois anos em regime semi-aberto. Ele também deverá pagar 55 dias-multa e responderá ao processo preso. Cabe ainda recurso.
Parentes e amigos acompanharam a audiência. Do lado de fora do fórum, eles exibiam faixas com as frases ;Somos todos Isa Mara. Queremos justiça;. Para a irmã da vítima, Isa Márcia Longuinho, de 41 anos, é o momento de Alessandro responder. ;Foi um crime hediondo. Ele era um homem frio e materialista. Agora a gente espera que ele pague pelo que fez;, declarou.
O crime aconteceu no dia 19 de janeiro de 2018, uma sexta-feira. Segundo depoimento do próprio acusado à época, ele jogava vídeo-game por volta de meio-dia quando foi confrontado pela mulher à respeito da compra do aparelho: ele teria usado o cartão de crédito dela sem consultá-la. Os dois iniciaram uma discussão e, supostamente, Isa Nara tentou enforcá-lo com um cabo de computador.
Depois disso, ele a empurrou escada abaixo, ao que ela teria caído já sem vida. Ele então ligou para o pastor da igreja que o casal frequentava queixando-se de dores e pedindo que fosse levado ao posto de saúde de Valparaíso (GO). O religioso disse ao júri que quando chegou à casa, Alessandro já estava no portão usando muletas. Os dois foram até o centro médico e, ao sair, o paciente teria dito que a esposa estava na casa dos pais dela, no Novo Gama. De volta à residência, novamente ele não foi convidado a entrar.
Segundo a família, a ideia era usar o pastor como álibi. Por volta de 18h, Alessandro entrou em contato com um amigo para pedir o carro dele emprestado e buscou o veículo no Riacho Fundo. Em seguida, colocou o corpo da vítima no porta-malas, enrolado em um cobertor e dirigiu até as proximidades do município de Alexânia, cidade goiana a cerca de 80 km de Brasília. Na beira da estrada, ele deixou o corpo, derramou gasolina e botou fogo.
Na mesma noite, uma filha de Isa Mara, de um relacionamento prévio, ligou para o pastor procurando pela mãe. Sem notícias, ela foi no dia seguinte à 33; Delegacia de Polícia (DP) registrar ocorrência e os agentes de plantão levaram Alessandro para prestar depoimento. Aos policiais, ele teria dito que a mulher tinha saído na noite anterior para uma consulta e desde então não havia voltado. Ele então decidiu pintar a casa como uma surpresa. A versão, no entanto, não convenceu.
Na residência, equipes de perícia encontraram vestígios de sangue nas paredes e escada. Confrontado com as evidências, Alessandro confessou o crime e deu o local onde havia queimado o corpo. Isa Mara foi uma das 29 vítimas de feminicídio de 2018. Em 2019, 14 casos já foram confirmados.