Walder Galvão
postado em 25/05/2019 07:00
Moradores do Distrito Federal têm uma semana para se imunizar contra o vírus influenza. A campanha de vacinação termina na próxima sexta-feira (31/5), porém, mais de 200 mil brasilienses do público-alvo da capital ainda não compareceram às unidades de saúde. Neste ano, a Secretaria de Saúde estabeleceu a meta de vacinar 778.627 pessoas, o equivalente a 90% da população inseridas nas regras do Ministério da Saúde.
Em 2019, a vacina teve alterações em duas das três cepas. Ela protege contra os três subtipos do vírus da gripe: H1N1, H3N2 e a influenza B. Os cientistas à frente da imunização observam quais são os tipos que mais circularam no último ano no Hemisfério Sul e produzem a proteção, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a Secretaria de Saúde, a vacinação é segura e importante, porque reduz as complicações da doença que pode matar.
Morador da Asa Sul, o comerciante Henrique Cruvinel Borges, 77 anos, compareceu a uma unidade de saúde para receber a imunização. ;Tomo essa vacina há 17 anos e sinto que não me gripo mais. Pego resfriados, mas é coisa boba. Aquela coisa terrível de ficar com coriza, sem dormir, garganta inflamada e sem disposição não acontece mais;, afirma. Henrique tomou a dose próximo ao fim da campanha para evitar filas. ;Quando vamos no início ou no dia D, ficamos muito tempo esperando. No ano passado, vim no último dia e fiquei mais de uma hora esperando. O bom é vir nessa época, mas temos que ficar atentos, porque a campanha está acabando;, alerta.
Gardênia Portela Lopes, 67, não perde a oportunidade. ;Comecei a imunização em 2011 e senti muita diferença. Não tenho reações à vacina e não me gripo mais;, relata. Para manter o bem-estar, ela faz caminhadas diariamente. ;Além da vacina, temos de nos prevenir de outras formas;, diz.
Cuidados
O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde, que analisou casos de gripe até 11 de maio, mostra que 21 pessoas morreram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2019. Entre os óbitos, há seis crianças menores de 4 anos. Apenas duas não haviam se vacinado. A pasta contabilizou 966 casos de SRAG nas unidades de saúde da capital, sendo 809 em moradores do Distrito Federal. No ano passado, até o início de junho, 10 pessoas haviam morrido por SRAG.
Desde 20 de março, quando começou o outono, o tempo no Distrito Federal passou a mudar de quente e úmido para frio e seco. Até o inverno, em 21 de junho, a umidade relativa do ar deve baixar ainda mais, facilitando o desenvolvimento de doenças respiratórias.
O infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, reforça a importância da vacinação. ;As pessoas do público-alvo são mais suscetíveis a ter gripe. A vacinação, além de proteger, é uma forma de conter a propagação da doença. Como o vírus passa de um para o outro, o grupo específico pode infectar aqueles de menor risco. Por isso, a imunização consegue combater até mesmo a transmissão;, explica o especialista.
Werciley rechaça a ideia de que as pessoas se gripam após a vacina. De acordo com ele, o paciente, por coincidência, pode estar doente, e os sintomas se manifestarem após a imunização. ;A vacina, no máximo, gera mal-estar, mialgia (dor muscular), mas são reações normais, do corpo gerando anticorpos;, esclarece. De acordo com o médico, a dose é feita com partículas de vírus mortos, incapazes de infectar uma pessoa. Além da imunização, há outros meios que ajudam a evitar a gripe. ;Podemos sempre higienizar as mãos, evitar lugares aglomerados e contato com doentes;, ressalta.
Vulneráveis
Têm direito à vacinação crianças e gestantes, mulheres com até 45 dias após o parto, pessoas com 60 anos ou mais idade, trabalhadores da saúde, indígenas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras em condições clínicas especiais, assim como adolescentes e jovens com idades entre 12 e 21 anos em medida socioeducativa, presos e profissionais da Segurança Pública.
Mais casos no inverno
A gripe é uma doença viral de transmissão respiratória que atinge as pessoas todos os anos, de forma sazonal, com aumento do número de casos no inverno. Os principais sintomas consistem em febre, dor de garganta, prostração, mialgia. Em alguns casos, a enfermidade pode evoluir, levando o paciente à internação hospitalar. Os subtipos que infectam os humanos, historicamente, são as influenzas H1N1 e H3N2.