postado em 26/05/2019 04:09
Ao menos três dos 29 assassinos de 2018 são policiais militares. No caso mais recente deste ano, um policial civil foi o responsável pela morte da ex-namorada, Débora Tereza Correa, 43 anos, dentro do prédio da Coordenação Regional de Ensino, na Asa Sul. Por situações assim, desde o ano passado, nos cursos de formação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), incluiu-se como matéria curricular a violência contra a mulher. A ideia é ensinar como lidar com casos do tipo.
Além disso, quando o agressor faz parte da corporação, ele é matriculado compulsoriamente em um curso especial. Cada situação é analisada individualmente e o agente pode ser afastado. De todo modo, ele é submetido a tratamento psicológico. De acordo com a PMDF, estudos têm sido promovidos para verificar os fatores de risco à saúde mental dos policiais. ;Esses fatores são: transtorno mental (quando associado à posse de arma de fogo, o risco se multiplica por 5), problemas conjugais, financeiros, abuso de drogas e álcool;, disse, por nota, a corporação.
Uma seção com equipe multidisciplinar acompanha, além de militares, a família, e as visitas ao ambiente têm aumentado. ;Passaram de 12 para 158 neste ano e as visitas da assistência social de 14 para 1.228. No ano passado, tivemos 200 atendimentos psicológicos, já neste ano, no primeiro trimestre, foram 1.762, ou seja, 89% de aumento;, informou a PM.
Já a Polícia Civil (PCDF) conta com nove psicólogos e um psiquiatra. Há também o serviço de acolhimento psicológico durante todo o horário de funcionamento da Policlínica. ;Um psicólogo fica encarregado de acolher os servidores policiais em sofrimento psicológico, realizar um atendimento humanizado e suporte necessário em abordagem interdisciplinar;, destacou, também em nota, a instituição.
No caso do agente Sergio Murilo dos Santos, que executou a professora Débora com três tiros nas costas, a PCDF não informou se ele passava pelos serviços de saúde mental oferecidos. Sérgio respondeu a três inquéritos policiais em 2018, sendo dois por violência doméstica contra Débora e um, por descumprimento de medida protetiva.
Mesmo assim, a corporação não abriu processo administrativo que o afastasse do cargo. ;Como se tratavam de condutas que não estavam diretamente ligadas à função por ele exercida, a responsabilidade ficou limitada ao processo criminal;, informou a Secretaria de Segurança Pública.
A arma usada pelo agente contra Débora pertencia à Polícia Civil. Ela chegou a ser recolhida, mas foi devolvida em abril do ano passado. Nesta semana, o governador Ibaneis Rocha assinou um decreto que recolhe o armamento de servidores das forças de segurança acusados de crimes no âmbito da Lei Maria da Penha. O delegado fica responsável por comunicar às corporações.