postado em 29/05/2019 04:29
A Secretaria de Saúde confirmou a segunda morte por H1N1 no Distrito Federal. A paciente é uma criança de 5 anos que tinha imunodeficiência e, em 1; de maio, não resistiu ao vírus. O registro consta no boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Saúde e que cobre os casos até 18 de maio. Em abril, uma idosa de 83 anos também havia morrido em decorrência da doença. A campanha de vacinação termina na sexta-feira. Até a semana passada, 72,6% do público-alvo havia se vacinado na capital federal. A meta é imunizar 778.627 pessoas.
O relatório epidemiológico também demonstra que, dos 469 casos positivos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), 21 são do vírus da gripe influenza do tipo A, o H1N1. Depois do vírus sincicical, que causa a bronquiolite em crianças, com 390 diagnósticos desde o início do ano até 18 de maio, o H1N1 é o que predomina no Distrito Federal, seguido de dois casos confirmados de H3N2 e de outros dois da influenza do tipo B.
A gerente de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Hídrica e Alimentar, Renata Brandão, destacou que esses são os componentes presentes na vacina trivalente. ;Portanto, o ideal é as pessoas se vacinarem para evitar complicações. Os componentes da vacina são feitos a partir de uma avaliação dos vírus que circulam durante o ano todo;, explicou.
Segundo ela, os vírus da influenza do tipo A, o H1N1 e o H3N2, causam 75% das infecções. ;Eles circulam todo o ano, mas mudam de acordo com a sazonalidade;, frisou. No ano passado, houve 72 diagnósticos de H1N1. Seis pessoas morreram. Em 2017, não teve nenhum registro de caso da gripe. Já em 2016, equipes de saúde confirmaram 133 casos da doença e 17 mortes.
A filha de Sany Bohm Macedo, 36, engrossou as estatísticas de pacientes com H1N1 em maio de 2018. À época, a adolescente tinha 16 anos e começou a se queixar de uma dor de garganta durante a madrugada. Depois, apareceu a febre. ;As pessoas demoram a ir ao hospital, porque são sintomas muito parecidos com uma gripe normal, mas, quando é H1N1, a febre é muito alta. Fica em torno de 39;C, 40;C. Ela chegou a tomar um anti-inflamatório para a garganta, mas a temperatura nunca abaixava a ponto de ficar normal. Sempre era um estado febril;, conta a mãe.
No dia seguinte, no fim da manhã, os pais levaram a garota ao hospital. Ela fez coleta de sangue, passou por exame específico para diagnosticar o H1N1 e tirou raio-x do pulmão. Para evitar uma nova contaminação, Sany planeja se vacinar até sexta-feira e imunizar toda a família. ;A gente acaba deixando para a última hora, mas é uma doença perigosa, que requer muito cuidado, e a vacinação é essencial. Na minha cabeça, quando a pessoa pega a H1N1 uma vez, ela não corria mais o risco, o que não é verdade;, lembrou.
Vacinação
Para o clínico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lucia, Luciano Lourenço, além de alternativas como evitar locais fechados e higienizar bem as mãos, a vacina é o método mais eficiente para a prevenção. ;Não existe um comprimido antiviral, e a vacina age produzindo células de defesa que são chamadas de anticorpos. Ela faz com que o organismo reconheça o vírus e produza agentes de combate. A imunização é feita a partir de fragmentos da cápsula que recobre o vírus e é suficiente para estimular anticorpos especializados;, esclareceu.
O especialista ainda alertou que a gripe H1N1 leva à morte, porque pode provocar outras infecções. ;Quando esse vírus acomete as vias respiratórias inferiores gera inflamações e pode trazer complicações do funcionamento do pulmão, o que abre portas para infecções secundárias. O perigo não é o vírus do H1N1 em si, mas outras bactérias que, para além dele, podem se dissipar;, destacou.
Ontem, o aposentado Braz Souza, 63 anos, estava na Unidade Básica de Saúde 1 do Itapoã para tomar a vacina. Ele se imuniza todo ano. ;Creio que toda a população precisa tomar cuidado e se conscientizar com a doença, que é perigosa;, analisou. Desde que era servidor do Itamaraty, Braz tem esse cuidado. ;Sempre ia uma equipe de saúde ao Itamaraty para aplicar a dose da vacina.;
O professor Renato Pereira, 30, também procurou pela dose de última hora. ;Devido à correria do dia a dia, deixei para a última semana;, admitiu. Para ele, crianças e idosos devem ser prioridades. ;Os pais devem se atentar e tomar os devidos cuidados, pois as crianças são mais frágeis;, argumentou. Ele ainda ressalta a importância da prevenção da H1N1 e dengue. ;Estou acompanhando o aumento dos casos e é importante se prevenir;, ressaltou.