Primeiro suplente

postado em 30/05/2019 04:20

Conhecido como Véi da 12, o 1; sargento José Cláudio Bonina não está na lista dos réus por organização criminosa, mas foi alvo de um dos 11 mandados de busca e apreensão. Ele concorreu a uma vaga na Câmara Legislativa em 2018. Com 9.456 votos, ficou como primeiro suplente da coligação PMN-PTC, que elegeu Eduardo Pedrosa. Conhecido em Ceilândia, o 1; sargento tem expressivo alcance também nas redes sociais, onde posta fotos ostentando armas.

O nome de Bonina é citado em interceptações telefônicas que embasaram a denúncia contra os sete policiais militares. Nos áudios, Paulo Henrique da Silva diz para um homem que ;estavam invadindo uma chácara; e acrescenta ter chamado ;Bonina e outros prefixos para dar uma força lá;. Para o MPDFT, a gravação confirma o uso da força pelos denunciados para garantir a posse dos terrenos.

Horas após a deflagração da Operação Horus, Bonina usou as redes sociais para negar a participação no esquema de grilagem. Na gravação, ele aparece ao lado da família. ;Isso é politicagem. Não mexo com grilagem, nem com corrupção. A única coisa com a qual eu mexo, no Sol Nascente, são as frutas que entrego para a minha comunidade;, disse. ;Sou homem de ferro, mas, nessa hora, tem que chorar;, emendou.



Para saber mais

Carência e insegurança

Oportunismo de grileiros, falta de fiscalização de governos passados e pessoas em busca de moradia barata fizeram surgir o Sol Nascente. A região começou a ser ocupada cerca de 20 anos após a fundação de Ceilândia, em 1971. E apenas em 2008, a localidade passou a ser reconhecida como setor habitacional pela Lei Complementar n; 785, de 14 de novembro. A expansão desordenada a tornou maior do que a Rocinha, favela do Rio de Janeiro. Em 2013, a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) divulgou uma pesquisa que mostrava que a região somava mais de 20 mil residências. No ano passado, eram 100 mil habitantes, que convivem com problemas de falta de urbanização. Há ruas asfaltadas, mas há várias em condições precárias. Quanto mais longe do centro, pior é a situação para os moradores. Entre as reclamações da população estão segurança e transporte público.



Memória

Extorsão de traficantes

Não é a primeira vez que os policiais reformados Jorge Alves dos Santos e Agnaldo Figueiredo de Assis ficam na cadeia. Em setembro de 2017, eles foram presos preventivamente ao se passarem por agentes da Polícia Civil para extorquir traficantes em Samambaia. Dois meses depois, a 1; Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios decretou a prisão temporária de Jorge. A suspeita era de que o 2; sargento cobrava dinheiro para não cumprir mandados contra criminosos. Os processos estão sob segredo de Justiça.