Juliana Andrade
postado em 01/06/2019 07:00
Enquanto muita gente se prepara para comer, beber e dançar nas festas juninas, outros veem a data como uma oportunidade de trabalho. Vendendo docinhos ou alugando uma barraca, seja fabricando um vestido, ou seja caprichando no tempero das comidas típicas, a festança também é sinônimo de empreendedorismo.Beatriz Cintra, 29 anos, está ansiosa com a festa junina do condomínio onde mora, no Jardim Botânico. Se, antes, ela costumava apenas curtir o evento, neste ano, ela vai colocar a mão na massa, ou melhor, no doce. A empresária alugou uma barraca para vender docinhos para o público. ;Eu vou fazer brigadeiros e bolos no pote. Quero colocar também palha italiana e estou testando fazer brownies. Como vou ser a única barraca de doce, quero variar;, comenta.
A doceira largou a profissão de fisioterapeuta há cerca de um ano, quando começou a fazer brigadeiros e fundou a Bibi Brigadeiros Gourmet. A expectativa é de que a venda cresça até 60% depois de oferecê-los na festa. ;Eu trabalho em casa, e a minha clientela é pequena. Mas o condomínio é grande, vem muita gente. Espero que eles conheçam e gostem dos meus produtos. Tenho cartões com contatos para entregar e estou montando alguns cardápios para deixar na barraca também;, conta.
A costureira Maria de Fátima Lopes, 66, é um exemplo de que a festa junina é uma oportunidade para ganhar dinheiro extra. Durante o ano, ela trabalha com consertos e personalização de roupas, mas, quando maio chega, as encomendas de vestidos caipiras alavancam as contas. ;Recebi tanta encomenda que estou até dispensando, porque não estou dando conta;, afirma. Maria de Fátima produz cerca de cinco vestidos por dia. No restante do ano, ela fatura cerca de um salário mínimo por mês. No período junino, as receitas com as peças somam entre R$ 5 mil e R$ 6 mil.
A cozinheira Fernanda da Silva, 35, descobriu um novo viés para o negócio. Ela está acostumada a fazer comida para eventos, mas nunca havia investido em um cardápio exclusivo para festas juninas. Recentemente, ela aceitou uma encomenda para 20 pessoas e, depois de vários elogios, decidiu divulgar os serviços nas redes sociais. ;Depois que eu postei, quatro pessoas me procuraram para fazer esse tipo de comida. Faço canjica, arroz-doce, quentão, pamonha, entre outros produtos típicos;, detalha.
Planejamento
As festas juninas são vistas por especialistas como oportunidade para alavancar ou criar uma empresa. ;Muitos negócios nascem, crescem e se formalizam nessa época. Entre eles estão muitas doceiras, pessoas que trabalham com vestuário, decoração, coisas características do período junino. Além da locação de equipamento, cadeiras, iluminação, entre outros;, ressalta o gerente de Atendimento Personalizado do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae/DF), Ary Ferreira Júnior.
Segundo ele, a partir de experiências como a da empresária Beatriz, muitos empreendedores consolidam o negócio. ;Depois desse período, é possível que ela saia do informal. De acordo com a análise da satisfação dos clientes, com o volume de venda, ela pode se formalizar e se tornar um Microempreendedor Individual (MEI);, explica.
O subsecretário do Trabalho, Vicente Goulart, analisa que o emprego formal tem diminuído na cidade. No entanto, segundo ele, aumenta o número de microempreendedores. Mas, para os negócios darem certo, conhecimento e planejamento são essenciais. ;A organização é fundamental para qualquer tipo de negócio. É preciso buscar o menor custo possível, a melhor qualidade e se destacar naquilo que está vendendo;, cita.
Atenção
Para aqueles que pretendem abrir um negócio, o gerente de Atendimento Personalizado do Sebrae/DF, Ary Ferreira Júnior, destaca que a instituição oferece palestras gratuitas. Para mais informações, acesse www.df.sebrae.com.br ou ligue 0800 570 0800. Além disso, o subsecretário do Trabalho, Vicente Goulart, informa que o governo oferece créditos de até R$ 60 mil para pequenos empreendedores com CNPJ. Detalhes no site www.trabalho.df.gov.br.