postado em 02/06/2019 04:27
É dentro de casa que a violência contra a mulher mais acontece. De acordo com o estudo que traçou o perfil de todos os 75 feminicídios no DF ; contabilizados a partir da época em que a tipificação virou lei (março de 2015) até 31 de maio de 2019 ;, 85,7% das agressões fatais tiveram como cenário da violência a própria moradia. Os ciúmes e as brigas do casal foram as justificativas apontadas nos casos de quase 64% das vítimas mortas pelo simples fato de serem mulheres.
O padrão dos assassinatos cometidos no núcleo familiar é o principal motivo que dificulta a atuação do poder de polícia para impedir o crime. A limitação e os índices preocupantes levaram a Secretaria de Segurança a repensar as estratégias de combate ao feminicídio e à violência doméstica. A pasta lançou, na última semana, a campanha #MetaaColher, que convida a sociedade a repensar a máxima: ;em briga de marido e mulher não se mete a colher;. O projeto busca estimular as denúncias por amigos, vizinhos e qualquer pessoa que tenha conhecimento de violência doméstica, já que mais de 70,7% das vítimas assassinadas nunca havia delatado os companheiros.
Posse de arma
A estudante Jéssyka Laynara Souza, 25 anos, foi uma dessas vítimas que não tiveram coragem de denunciar o ex-noivo e policial militar Ronan Menezes, 28. Em 4 de maio de 2018, ela foi executada, com cinco tiros, dentro de casa, no Setor O, na frente da avó e de um dos irmãos. Ronan, agora expulso da PM, não aceitava o fim do relacionamento e usou a pistola da corporação para cometer o crime. Com a arma, o agressor também tentou matar o professor de educação física Pedro Henrique Torres, 29, por acreditar que ele estaria se relacionando com Jéssyka.
Casos como o de Ronan e do policial civil Sergio Murilo dos Santos, 51 ; que também usou a arma da Polícia para matar a ex-companheira Debora Tereza Corrêa, 43 anos, em 20 de maio deste ano ; motivaram o governo a emitir um decreto proibindo a posse de armas de qualquer servidor da segurança do DF que esteja respondendo a algum processo no âmbito da Lei Maria da Penha.
* Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos personagens