postado em 04/06/2019 04:26
As três crianças espancadas pelos tios em Planaltina de Goiás (GO) continuam sob tutela do Estado. Apesar de a Justiça ter convertido a prisão preventiva da mãe delas em domiciliar na sexta-feira, a mulher ainda não pode assumir a guarda dos meninos. Dois, de 1 e 9 anos, estão em um abrigo do município goiano. A outra, de 3 anos, está internada no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). As agressões, cometidas na última quarta-feira, levaram a morte de outro irmão delas, uma menina de 7 anos.Policiais militares prenderam os pais das vítimas em fevereiro, por tráfico de drogas. Em situação de rua, eles portavam porções de maconha e crack, quando foram flagrados em Sobradinho. Em seguida, as crianças passaram a morar com uma tia, de 17 anos, e o namorado dela, Bruno Diocleciano da Silva, 19. No dia do crime, uma das crianças, com fome, pediu comida a um vizinho. Irritado com a ação, o casal começou a agredi-los, até que a menina de 7 anos morreu decvdo a um traumatismo cranioencefálico.
As três sobreviventes receberam tratamento médico e duas foram liberadas. A menina de 3 anos apresentou quadro mais grave. Chegou ao Hospital Regional de Planaltina com duas fraturas no braço. Ela precisou ser levada ao Hmib, onde passou por cirurgia. No sábado, recebeu transfusão de sangue por estar com forte anemia. Ainda foi sedada para retirada de vermes que infestaram os machucados dela. Apesar do quadro, continua estável.
No sábado, os pais das crianças compareceram ao velório da filha. Escoltados pela polícia, o casal teve menos de 15 minutos para se despedir. Em seguida, a mãe, acompanhada pelo Conselho Tutelar, conseguiu visitar os filhos no abrigo e no hospital. Ao Correio, os conselheiros contaram que a mulher disse aos filhos que ;faria de tudo para resolver a situação;. A aproximação com os filhos é mediada pelo Conselho.
Ministra
Em visita aos conselhos tutelares de Samambaia Norte e de Planaltina de Goiás, ontem, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, reconheceu a necessidade de investir no serviço. Ela se reuniu com as equipes dos dois órgãos depois dos casos de tortura e agressão que culminaram na morte de duas crianças no Distrito Federal e Entorno.
Os encontros não constavam na agenda pública da ministra e começaram em Samambaia Norte, onde, na sexta-feira, a mãe e a companheira dela assassinaram e esquartejaram um menino de 9 anos, Rhuan Maycon. ;O que vi foi uma sensibilidade muito grande. Não houve omissão desses conselheiros tutelares. Desde o primeiro momento em que souberam da história, eles abandonaram suas vidas, suas famílias e estão 24 horas envolvidos com esse caso;, defendeu Damares.
Ela disse estar preocupada com a irmã de Rhuan, que sobreviveu e está em um abrigo, sob tutela do Estado. ;Como será a reinserção dela à família biológica? Essa menina de apenas 8 anos viveu a tragédia das tragédias e precisa ser muito bem-acolhida agora.;.
Vaquinha é investigada
A Polícia Civil goiana investiga suposta vaquinha para custear o velório da criança morta pelos tios. Após o crime, uma publicação nas redes sociais pedindo dinheiro para pagar a cerimônia ganhou força. Na postagem, há dados bancários de duas pessoas. A Prefeitura de Planaltina de Goiás arcou com as despesas da despedida da menina. O delegado à frente do caso, Cristiomário Medeiros, suspeita de estelionato. ;Pedimos aos bancos que nos passem informações das contas divulgadas. Em seguida, interrogaremos essas pessoas. Caso não sejam familiares e o dinheiro tiver tido outro fim, elas serão indiciadas por estelionato e podem cumprir pena de até cinco anos, caso condenadas;, explicou.