Exonerado nesta quinta-feira (6/6) do cargo de diretor do Hospital Regional do Gama (HRG), o médico ortopedista Andre Luiz Zamuner acredita que a demissão do cargo é uma decisão política. "Superlotação sempre teve em todas as unidades de saúde", justificou, em entrevista ao Correio no início da tarde.
Zamuner ainda apresentou a sua versão sobre o vídeo gravado em 9 de maio, que mostra pacientes dividindo macas em uma das alas da unidade de saúde. "Tive a informação de que as imagens foram montadas por sindicalistas que queriam assumir cargos no hospital, mas nós não deixamos", alegou. "Eles, então, quiseram exonerar a gestão e chegaram a mencionar o nome de um médico para ser o diretor", acrescentou.
No entanto, segundo o médico, a nomeação do atual diretor não contemplou o desejo dos sindicalistas. "Inclusive, quem assumiu é um amigo meu", acrescentou Zamuner. A publicação do novo gestor saiu na edição do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira, o mesmo que tem a exoneração do ortopedista do cargo.
Na gestão do ex-governador Agnelo Queiroz (PT), Zamuner foi dirtor do Hospital Regional de Santa Maria entre 2012 a 2013. "Esse cargo de direção é rotativo, mas exonerar a gestão não é o caminho para se chegar a um atendimento ideal. O que precisa ter é um investimento na área básica e primária para não superlotar os hospitais", destacou.
A Secretaria de Saúde se limitou a responder que a "função de diretor de hospital é cargo de confiança" e está, gradativamente, "ajustando os gestores à filosofia de trabalho da atual gestão."
Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Saúde do DF (Sindsaúde), Marli Pinheiro disse, apenas, que a nomeação e a exoneração são decisões do governador. "O que nós esperamos, servidores e população, é que se resolvam os graves problemas que o Hospital Regional do Gama vive há tanto tempo."
Respeito a população
Na ocasião da integração de 500 profissionais ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse ter conhecimento da superlotação nos hospitais, mas enfatizou que os diretores precisam resolver a sobrecarga com respeito a população.
"Dificuldade nós vamos passar, mas precisamos tratar a população com carinho. Quem está à frente precisa tentar resolver, solucionar e conversar. Todas as vezes que alguém deixar de ter respeito com a população será exonerado", destacou.
Ibaneis ressaltou que apoia os servidores da saúde e "trabalha para tirar a pressão de cima deles", mas reforçou que a população quer ser cuidada. "Não vou premiar aqueles que não querem cuidar do meu povo. O povo me colocou no meu cargo, porque eles querem ser cuidados", alegou.
O governador ainda afirmou que tem atuado para melhorar a rede pública de saúde. "Quem não está dando conta de resolver não é por causa de falta de apoio. Eu atendo a todas as pessoas e o secretário de Saúde fica com o celular ligado 24 horas. Se alguém não quer buscar solução é porque não quer trabalhar", acrescentou.
Exoneração de diretores
Em 15 de maio, o governador exonerou a diretora do Hospital Regional de Sobradinho após a morte de Beatriz Viana da Silva, 19 anos. A jovem procurou a unidade de saúde em 11 de maio com fortes dores abdominais, acompanhada do marido. Quando o casal chegou, recebeu apenas a informação de que não havia médico no local.
Em 28 de março, o então diretor do Hospital Regional de Santa Maria, Igor Silveira Dourado, foi demitido do cargo. Em 20 de março, Ibaneis afirmou, no Twitter, que também exoneraria o diretor do Hospital Regional na Asa Norte (Hran), Gustavo Bernardes, e o superintendente da Regional de Saúde Central, Adriano Guimarães Ibiapina.
No mesmo mês, em 8 de março, ele dispensou o chefe do Hospital Regional de Brazlândia, após médicos da unidade serem filmados descansando em uma sala enquanto pacientes aguardavam atendimento.