Cidades

Diretor exonerado por superlotação no Hospital do Gama reclama de sabotagem

Ex-diretor do Hospital Regional do Gama, André Luiz Zaumner reconheceu superlotação em unidade de saúde, mas disse ter conhecimento de que vídeo de pacientes foi montado por sindicalistas

Isa Stacciarini
postado em 06/06/2019 14:09

Diretor do Hospital Regional do Gama (HRG) foi exonerado nesta terça-feira

Exonerado nesta quinta-feira (6/6) do cargo de diretor do Hospital Regional do Gama (HRG), o médico ortopedista Andre Luiz Zamuner acredita que a demissão do cargo é uma decisão política. "Superlotação sempre teve em todas as unidades de saúde", justificou, em entrevista ao Correio no início da tarde.

Zamuner ainda apresentou a sua versão sobre o vídeo gravado em 9 de maio, que mostra pacientes dividindo macas em uma das alas da unidade de saúde. "Tive a informação de que as imagens foram montadas por sindicalistas que queriam assumir cargos no hospital, mas nós não deixamos", alegou. "Eles, então, quiseram exonerar a gestão e chegaram a mencionar o nome de um médico para ser o diretor", acrescentou.

No entanto, segundo o médico, a nomeação do atual diretor não contemplou o desejo dos sindicalistas. "Inclusive, quem assumiu é um amigo meu", acrescentou Zamuner. A publicação do novo gestor saiu na edição do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira, o mesmo que tem a exoneração do ortopedista do cargo.

Na gestão do ex-governador Agnelo Queiroz (PT), Zamuner foi dirtor do Hospital Regional de Santa Maria entre 2012 a 2013. "Esse cargo de direção é rotativo, mas exonerar a gestão não é o caminho para se chegar a um atendimento ideal. O que precisa ter é um investimento na área básica e primária para não superlotar os hospitais", destacou.

A Secretaria de Saúde se limitou a responder que a "função de diretor de hospital é cargo de confiança" e está, gradativamente, "ajustando os gestores à filosofia de trabalho da atual gestão."

Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Saúde do DF (Sindsaúde), Marli Pinheiro disse, apenas, que a nomeação e a exoneração são decisões do governador. "O que nós esperamos, servidores e população, é que se resolvam os graves problemas que o Hospital Regional do Gama vive há tanto tempo."

Respeito a população

Na ocasião da integração de 500 profissionais ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse ter conhecimento da superlotação nos hospitais, mas enfatizou que os diretores precisam resolver a sobrecarga com respeito a população.

"Dificuldade nós vamos passar, mas precisamos tratar a população com carinho. Quem está à frente precisa tentar resolver, solucionar e conversar. Todas as vezes que alguém deixar de ter respeito com a população será exonerado", destacou.

Ibaneis ressaltou que apoia os servidores da saúde e "trabalha para tirar a pressão de cima deles", mas reforçou que a população quer ser cuidada. "Não vou premiar aqueles que não querem cuidar do meu povo. O povo me colocou no meu cargo, porque eles querem ser cuidados", alegou.

O governador ainda afirmou que tem atuado para melhorar a rede pública de saúde. "Quem não está dando conta de resolver não é por causa de falta de apoio. Eu atendo a todas as pessoas e o secretário de Saúde fica com o celular ligado 24 horas. Se alguém não quer buscar solução é porque não quer trabalhar", acrescentou.

Exoneração de diretores

Em 15 de maio, o governador exonerou a diretora do Hospital Regional de Sobradinho após a morte de Beatriz Viana da Silva, 19 anos. A jovem procurou a unidade de saúde em 11 de maio com fortes dores abdominais, acompanhada do marido. Quando o casal chegou, recebeu apenas a informação de que não havia médico no local.

Em 28 de março, o então diretor do Hospital Regional de Santa Maria, Igor Silveira Dourado, foi demitido do cargo. Em 20 de março, Ibaneis afirmou, no Twitter, que também exoneraria o diretor do Hospital Regional na Asa Norte (Hran), Gustavo Bernardes, e o superintendente da Regional de Saúde Central, Adriano Guimarães Ibiapina.

No mesmo mês, em 8 de março, ele dispensou o chefe do Hospital Regional de Brazlândia, após médicos da unidade serem filmados descansando em uma sala enquanto pacientes aguardavam atendimento.

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