Cidades

José Vieira, poeta e repentista, 90 anos

postado em 11/06/2019 04:17

Brasília deu adeus a um dos pioneiros da cidade. Aos 90 anos, o poeta e repentista José Vieira morreu na manhã de ontem, devido a um infarto. Ele deixa a companheira, Maria do Carmo Farias Vieira, e os filhos José Carlos, Carleuza, Célia e Paulo César. Nascido em Cajazeiras (PB), chegou ao Distrito Federal em 1960. Morou na então Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante.

Mecânico de mão cheia, conseguiu, um ano depois, ser sorteado para o financiamento de um terreno em Taguatinga Centro, à época, Setor Automobilístico. A cidade conquistou o poeta paraibano, que gostava de caminhar pelas ruas espalhando versos e bom humor. Construiu uma trajetória de trabalho e de humanismo, recebendo em casa inúmeros nordestinos que vinham atrás de um sonho.

O filho José Carlos Vieira, editor de Cidades, Cultura e da Revista do Correio, lembra com carinho da empatia indiscriminada do pai. ;Certa vez, caminhando com ele no calçadão (em Taguatinga), perguntei por que ele desejava bom dia para todas as pessoas, mesmo que algumas não correspondessem educadamente, ao que ele respondeu: ;Meu filho, não importa se algumas pessoas não respondam. Eu quero desejar coisas boas para elas.;;

Funcionários do Correio que tiveram a oportunidade de conviver com o ;seu Zé Vieira; elogiam a forma como ele acolhia a todos. ;Era uma pessoa que recebia todo mundo bem e com um poema. Você chegava na casa dele e ele já começava a improvisar um repente. Era uma figura;, lembra o subeditor de Cultura Igor Silveira. ;Um homem que soube o quanto a poesia é importante para a vida. Foi sempre uma felicidade todas as vezes que tive a oportunidade de ouvi-lo;, acrescenta o editor de Política Leonardo Cavalcanti.

Hoje, família e amigos se despedem na Capela 3, do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, onde ele será velado a partir das 8h. O sepultamento está previsto para as 11h.



;Se um dia eu tiver o privilégio
De nascer n;outra terra de alegria,
O nordeste era a terra
que eu queria
Para de novo se dar meu nascimento.
A viola seria o instrumento
caprichosa de bravo e de pudor.
Eu ia pro mesmo interior
Outra vez rogar santo pra chover.
Se um dia eu nascer, eu quero ser
Nordestino, poeta e cantador;

José Vieira



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