Jéssica Eufrásio
postado em 12/06/2019 06:00
Trabalhar um novo olhar sobre as relações socioafetivas entre adolescentes inspirou política pública inédita no Distrito Federal. O projeto Amor Sem Violência, lançado oficialmente neste Dia dos Namorados, surgiu para levar uma série de ações educativas direcionadas aos estudantes das 92 escolas de ensino médio da rede pública. A proposta visa dar voz aos jovens e mostrar a eles que pessoas de diferentes sexos e classes sociais frequentemente lidam ; seja por experiência própria, seja indiretamente ; com casos de violência nas relações íntimas.
As atividades terão início com o retorno das aulas do segundo semestre e, até o fim do ano, o projeto deve alcançar 79 mil alunos. A iniciativa resulta de uma parceria público-privada firmada entre o Executivo, por meio das secretarias de Educação, da Juventude, da Mulher e de Segurança Pública, com a Avon e o Instituto Avon. O lançamento do programa ocorre nesta quarta-feira (12/6), às 15h, no Centro Educacional (CED) 2 do Riacho Fundo 1, e incluirá um bate-papo sobre relacionamentos saudáveis, com a participação de 470 estudantes.
Palestrante e coordenadora da causa de enfrentamento à violência do Instituto Avon, a psicóloga Mafoane Odara afirma que a parceria surgiu no governo anterior e que o tema faz parte da agenda de compromissos globais da organização. ;Alguns casos ganham o debate público e nos ajudam a fazer reflexões importantes, mas a ideia é ter uma conversa com os jovens a partir das perguntas que eles têm. Um de nossos pilares é a articulação, e é nosso papel garantir e melhorar o suporte para que mulheres e meninas se sintam apoiadas e compreendidas. Porém, isso só é possível quando melhoramos o aprimoramento das políticas públicas;, pontua Mafoane.
Planejamento
Para quem atua nas instituições de ensino, um dos desafios envolve o silêncio de quem passa por situação de violência, inclusive sem perceber. ;Os estudantes geralmente se mostram depressivos ou introspectivos na escola, desenvolvem distúrbios excessivos de álcool e drogas e, desde o ano passado, especialmente, verificamos casos de automutilação e tendência ao suicídio. Por isso, topamos a parceria;, comenta a chefe da assessoria especial da Secretaria de Educação, Janaína Almeida.
O público-alvo do Amor Sem Violência são adolescentes com mais de 14 anos e, segundo Janaína, a pasta espera que, até o fim do ano, cada uma das instituições de ensino médio do DF conte com um ;profissional multiplicador;. ;Faremos um chamamento pela internet para os professores interessados. A escola tem uma função social muito importante, e é nela que começam as primeiras paixões. É importante falarmos sobre relacionamentos dentro dessa perspectiva, incluindo todos os tipos de relacionamentos e afeto;, ressalta.
O projeto trata-se da primeira grande ação da Rede Sou %2b Mulher, criada pelo GDF em 8 de março para promover articulações com organizações públicas e privadas, além de iniciativas com foco na igualdade, no empreendedorismo e na autonomia econômica das mulheres.
A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, lembra que a Lei Maria da Penha prevê medidas por parte do Estado em diferentes setores, incluindo a educação. ;Essa será a primeira ação nas escolas, conversando com um público que está construindo relacionamentos e estereótipos de relacionamentos. A proposta é que eles se sensibilizem, se mobilizem, possam identificar situações (de violência) e até ajudar conhecidos;, destaca.
Ações nas escolas
Confira algumas atividades promovidas pelo Amor Sem Violência:
; Rodas de conversa
; Palestras educativas
; Dinâmicas em grupo
; Vídeos de conscientização e sensibilização
; Questionários de pesquisas
; Concursos de redação
; Criação de um manifesto em vídeo com os jovens participantes incentivando o combate à violência no namoro
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