Cidades

Vendedora é arrastada no asfalto

Casal discordou do preço cobrado pelos balões que a comerciante vendia e tentou levar os produtos à força, puxando a mulher, de 63 anos, com o carro em movimento. Crime aconteceu em frente a escola particular de Taguatinga

postado em 17/06/2019 04:18
A idosa ficou com ferimentos na perna, nos braços e no rosto

Há quatro anos, a diarista Marina Izidoro de Morais, 63 anos, vende balões na festa junina de uma escola particular de Taguatinga Sul para complementar a renda e pagar o aluguel. No sábado, após mais de oito horas de trabalho, a idosa viveu momentos de terror ao ser arrastada mais de 100m presa a um carro. No veículo estava um casal que não quis pagar o valor do produto e, por isso, cometeu o crime. A vítima foi socorrida ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), com ferimentos na perna, no rosto e nos braços.

A diarista estava do lado de fora do colégio quando foi chamada por um homem e uma mulher que aparentavam ter 30 anos, sentados em uma Mercedes CLA 45 AMG branca, modelo que chega a custar R$ 220 mil. Cada balão de gás hélio saía a R$ 15, mas a dupla questionou o valor. ;Eu disse para a mulher, que estava no banco do passageiro, que fazia a R$ 10. Mesmo assim, ela não quis. Então, expliquei que eu revendo os balões e, por isso, não tinha como reduzir o preço. Aí, eles ficaram reclamando;, conta a moradora de Taguatinga Sul.

;Nessa hora, o dono dos produtos me ligou e eu atendi. Ao fundo, ouvi quando mandaram eu desligar, me xingando. Ao terminar a chamada, o casal disse que ia querer três balões. Abaixei-me para pegar os balões, que estavam amarrados no meu braço. Foi quando a mulher agarrou as cordas e o motorista acelerou o carro, arrancando de uma vez;, relembra.

Marina ficou presa ao veículo, pois o casal também fechou a janela. Ela escapou quando os cordões se soltaram do braço dela. A idosa caiu no chão, enquanto o automóvel seguiu em alta velocidade até o fim da Comercial Sul. Ninguém soube dizer se eles pegaram a via que dá acesso ao Taguatinga Shopping e ao Pistão Sul ou se desceram, rumo à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Samdu Sul.

;Eu estou toda machucada, mas estou bem. Quando me lembro do que passei, só agradeço a Deus pelo livramento. Foi a pior coisa da minha vida. Eu pensei que estaria dentro de um caixão;, diz Marina, ainda abalada com o ataque e com a voz trêmula. ;Eles não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida. Eu só quero que eles sejam pegos e paguem pelo que fizeram comigo;, acrescenta a idosa.

A Polícia Militar e Corpo de Bombeiros foram até o local e prestaram os primeiros atendimentos. Médicos do HRT analisaram os ferimentos sofridos e constataram que todos foram superficiais. Exames também não indicaram lesões internas. Apenas a tomografia da cabeça da vítima não ficou pronta. O resultado deve ser entregue à diarista hoje.

Polícia investiga

Após o atendimento, finalizado na noite de sábado, Marina seguiu para a 21; Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde realizou um boletim de ocorrência por lesão corporal. Ela também foi encaminhada para o Instituto de Medicina Legal (IML) e passou por exames de corpo de delito. A investigação, agora, ficará a cargo da 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro).

De acordo com o delegado-chefe da 12; DP, Josué Ribeiro da Silva, agentes identificaram o dono do veículo pela placa, anotada por testemunhas. ;Trabalhamos para chegar até a identificação deste casal. Também vamos coletar imagens de câmeras de segurança de comércios locais que possam mostrar a trajetória tomada pelos suspeitos;, afirma.

"Eles não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida"
Mariana Izidoro de Morais, diarista

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