postado em 17/06/2019 04:19
Se o inverno traz os dias frios, a solidariedade se encarrega de manter os corações aquecidos, como na música de Roberto Carlos. Basta as temperaturas baixarem para que centenas de campanhas de agasalho surjam pela cidade. Seja por meio de instituições públicas, empresas, seja por conta própria, o importante é não deixar quem não tem condições de comprar um casaco sofrer com os ventos gelados.
Para a secretária Silvana Costa, 35 anos, o que motiva a iniciativa é simplesmente o amor ao próximo. Silvana afirma que não há como não se solidarizar com a situação de quem vive na rua. A secretária viu de perto, durante anos, os desafios de quem encara as noites frias da cidade. O pai dela, que morreu em março, era viciado em drogas e bebidas alcoólicas e costumava andar sem rumo por Ceilândia. ;A gente sempre ia atrás dele e eu via a realidade de quem vivia ali;, lembra.
Para ajudar essas pessoas, assim que as temperaturas começam a cair, ela recolhe e entrega casacos e cobertores em Ceilândia, há cerca de cinco anos. A campanha é divulgada por Silvana nas redes sociais. Ela se responsabiliza por buscar e levar as vestimentas aos necessitados. ;Conheço os pontos onde os moradores de rua ficam, então a gente vai direto neles;, ressalta. Para a distribuição, ela conta com apoio da filha e de amigos.
Pizza por casaco
Há três anos, Adriana Coatio, 36, lidera uma campanha do agasalho, em Santa Maria. Dona de uma pizzaria, aproveita os recursos da empresa para ajudar ao próximo. ;As pessoas podem deixar no comércio ou entregar aos motoboys. Também ofereço um vale pizza para quem doa, como forma de incentivo;, conta.
Vendo a situação de moradores de rua que vivem próximo ao trabalho dele, na Asa Norte, o empresário Blaisson Faris, 30, dono de uma escola de dança árabe, decidiu tomar uma atitude. ;À noite, tem muito mendigo por aqui e o frio é uma coisa inevitável. Se está forte para a gente que está de casaco, imagina para quem não tem!”, comenta.
Diante do engajamento de alunas, Blaisson percebeu que podia fazer muito mais e ajudar outras pessoas. O empresário lançou uma campanha nas redes sociais para arrecadar mais vestimentas e entregar em outros lugares. ;A sociedade está precisando disso. Temos uma vida tão corrida que acabamos esquecendo de olhar a necessidade de quem está do lado;, observa o empresário.
Iniciativa pública
Órgãos públicos também entram em clima de solidariedade. Todo ano, a Polícia Militar promove uma campanha de arrecadação de cobertores e casacos. Porta-voz da corporação, o major Michello Buenno destaca que, além de garantir a segurança, a PM procura atender a população de outras maneiras e, por estarem em contato direto com os cidadãos, os militares conhecem bem a realidade da cidade. Michello explica que as roupas são recolhidas nos batalhões, mas também podem ser entregues a qualquer equipe da PM na rua. Caso seja necessário, os militares buscam o material.
As doações podem ajudar diversas instituições, como o Lar dos Velhinhos em Sobradinho. Psicóloga e coordenadora da entidade, Priscila Fernandes conta que a demanda por vestimentas de inverno é elevada. ;Temos um grande número de idosos, então, estamos sempre precisando. Tem idoso que chega aqui só com a roupa do corpo;, conta. Entre as necessidades, Priscila destaca casacos, meias, cobertores e gorros.
Onde doar
- Administração Regional do Sudoeste/Octogonal
SIG Quadra 6, Lote 1425
- El Loko Pizza & Bar
SL 303 Lote A3 Santa Maria Sul
- Escola de dança Helwa
CLN 304 Bloco B Subsolo
- PMDF
Os casacos podem ser entregues em qualquer batalhão ou a qualquer equipe na rua.
- Cobasi (para pets)
Águas Claras: Plaza Shopping
Asa Norte: 516, Bloco E
Guará: CasaPark
Lago Norte: SHTQ, Avenida Comercial, Trecho 1, Lote 15
Socorro aos bichos de rua
O frio não atinge só os humanos. O inverno também afeta o mundo animal, principalmente gatos e cachorros sem lar. Pensando nos bichinhos, uma empresa de artigos para pets decidiu lançar uma campanha para arrecadar roupinhas para os amigos de quatro patas. As peças são entregues para Organizações Não Governamentais (ONGs).
;Se a gente cuida dos nossos cãezinhos em casa, por que não ajudar também os que estão na rua? Ano passado conseguimos atender 40 ONGs parceiras no Brasil. A expectativa é superar este número;, destaca o gerente da Cobasi Taquari, Elbio Brignol. Em Brasília, a empresa está com quatro lojas em campanha. As doações seguem até o fim de julho.