Cidades

Busca pelo DIU forma fila de 1,5 mil mulheres

Procura pelo método contraceptivo no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul, supera a previsão do governo de atender 300 pacientes em ação pontual. Quem não conseguiu marcar a colocação do dispositivo poderá fazê-lo na UBS ao longo do ano

postado em 18/06/2019 04:09
Das 1,5 mil mulheres que fizeram fila diante do Hmib, apenas 450 conseguiram agendar o procedimento


Cerca de 1,5 mil mulheres fizeram fila no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul, para marcar a colocação de Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre na manhã de ontem. A unidade de saúde anunciou a ação na última sexta-feira e esperava atender 300 pacientes. A procura, no entanto, foi quatro vezes maior. Do total, apenas 450 conseguiram sair de lá com o procedimento marcado. A direção do hospital assegurou que as demais serão acolhidas e passarão por avaliação ao longo do ano.

O início da triagem estava marcado para as 7h, mas muitas mulheres chegaram durante a madrugada para garantir o atendimento. A estudante de direito Ohana Rodrigues, 22 anos, decidiu sair cedo de casa, em Taguatinga, para evitar fila. Quando chegou ao Hmib, às 6h, surpreendeu-se. Encontrou mais de 500 aguardando a chamada. ;Eu peguei a senha 525. Não imaginei que estivesse tão cheio assim. Deixei o meu nome na lista, passei por uma palestra e estou saindo sem ter nada marcado, mas vamos ver como vai ser;, disse.

A dona de casa Renata Madureira, 37, também pensou que encontraria uma espera menor, mas não quis desistir. Ela é mãe de dois filhos, uma menina de 14 anos e um bebê de 9 meses. Assim que o mais novo nasceu, ela sofreu de depressão pós-parto, e a indicação médica foi de que colocasse o DIU antes de decidir fazer a laqueadura (leia O DIU). ;Passei por um momento muito difícil da minha vida e hoje (ontem) vim tentar amenizar, para evitar uma nova gravidez, já que não posso tomar pílula;, contou.

A estudante de sociologia Milena Batista, 21, mãe de um bebê de 1 ano e seis meses, procurou o tratamento para colocar o DIU na rede privada, mas, pelo custo, foi até o Hmib ontem ; o procedimento de colocação do DIU, na rede privada, pode chegar a R$ 2 mil. ;Para evitar riscos de nova gravidez, vou insistir aqui;, afirmou. Ela foi à unidade de saúde com duas amigas, Bruna Gomes, 21, e Suêde Cristina, 18. ;Eu insisti para que ela viesse porque acho importante cuidar da saúde e não tomar anticoncepcional, que é bastante agressivo;, ressaltou o namorado de Suêde, o militar Jonnathan Hoth, 22.

A estudante de direito Raiza Innocencio, 22, acredita que a iniciativa é importante porque a gravidez indesejada tira as mulheres do mercado de trabalho e pode gerar até violência doméstica. ;Muitas mulheres não conseguem sair de um relacionamento abusivo por causa disso. Acho que as campanhas de conscientização da saúde da mulher e dos métodos contraceptivos deveriam ser mais fortes nas escolas. Essas ações podem diminuir até feminicídio;, argumentou.



800
Número médio de DIUs colocados mensalmente no SUS do DF


4.340
Número de dispositivos disponíveis no estoque central do DF depois de encaminhados pelo Ministério da Saúde



Acolhimento

Em nota enviada pela Secretaria de Saúde, a direção do Hmib assegurou que quem não conseguiu agendar o procedimento na unidade de saúde pode esperar realocamento para a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa, ao longo do ano. Além disso, o hospital tem planos de fazer outras ações como a de ontem.

A iniciativa faz parte de uma ação pontual do Hmib para o planejamento reprodutivo e familiar, no sentido de divulgar e orientar as mulheres sobre todos os métodos contraceptivos. A chefe da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hmib, Andréia Araújo, ressalta que o acolhimento e a orientação sobre os métodos contraceptivos, incluindo a colocação do dispositivo, são feitos nas Unidades Básicas de Saúde de todo o DF. ;É importante que as mulheres do DF saibam que não é necessário se deslocar até aqui para garantir um DIU. Elas têm esse serviço disponível perto de casa;, explicou Andréia.



O DIU

O SUS disponibiliza, gratuitamente, nove tipos de métodos contraceptivos para a população. Entre eles está o Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, oferecido em todas as maternidades brasileiras. Confira detalhes do método, segundo o Manual de Planejamento Familiar da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2007:


Tipo de método:
químico


Frequência:
inserido uma vez, pode ficar no útero por até 10 anos


Eficácia:
até 99%


Como age no organismo:
provoca uma alteração química que danifica o esperma e o óvulo antes que eles se encontrem


Proteção contra
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs):
não


Contraindicações:
sim; o histórico de saúde e familiar da paciente deve ser analisado por um profissional da saúde antes da prescrição do medicamento, especialmente caso a mulher tenha baixas reservas de ferro no sangue ou clamídia ou gonorreia

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