postado em 18/06/2019 04:09
A 2; Vara Criminal de Brasília condenou a ex-deputada federal Jaqueline Roriz e Weslliane Roriz, filhas do ex-governador Joaquim Roriz, a três anos de prisão em regime aberto e ao pagamento de multa pelo crime de lavagem de dinheiro. Conforme denúncia do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o ex-chefe do Palácio do Buriti interferiu no processo de liberação de um empréstimo do BRB, no valor de R$ 6,7 milhões, aos irmãos Cortopassi para a construção do Residencial Monet, em Águas Claras. Em troca, teria recebido 12 apartamentos no empreendimento, que foram distribuídos entre seus familiares.
O juiz Márcio Evangelista Ferreira da Silva ainda sentenciou os empresários Roberto e Renato Cortopassi a 5 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto e à quitação de multa pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Os ex-dirigentes do BRB Franklim Moura, Antônio Cardozo e Geraldo Rui Pereira foram condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 2 anos e 8 meses de reclusão em regime aberto e ao pagamento de multa.
Em janeiro deste ano, pelo mesmo episódio, o Conselho Especial do TJDFT absolveu a ex-distrital Liliane Roriz da denúncia de lavagem de dinheiro. Morto em setembro de 2018, Joaquim Roriz teve a punibilidade extinta. Na área cível, todos os acusados foram absolvidos no âmbito da ação de improbidade administrativa.
A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), comandada pelo promotor Clayton Germano, aponta que Roberto e Renato Cortopassi teriam recorrido ao então governador Roriz, em 2006, em busca de ajuda com os empréstimos. Os recursos foram usados para a construção de duas torres de 16 andares, com 48 apartamentos cada uma. ;Como contraprestação pela intervenção realizada junto aos dirigentes do BRB, o réu Joaquim Roriz teria recebido 12 apartamentos no referido condomínio, sob intermédio de suas filhas, Jaqueline Maria Roriz, Liliane Maria Roriz e Weslliane Maria Roriz Neuls, seu neto Rodrigo Domingos Roriz Abreu, e da empresa JJL Administração e Participação, representada por sua filha Weslliane;, diz trecho da acusação de improbidade.
O MP alega que a operação foi disfarçada por meio da empresa Coss Construção Ltda., que teria realizado o negócio de compra e venda de maneira fictícia com a WRJ Engenharia. A investigação do caso começou com a Operação Aquarela, conduzida pelo Gaeco. A ação, deflagrada em junho de 2007, incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão e a prisão do ex-presidente do BRB Franklim Moura. A investigação apurou crimes contra a administração pública, fraude à licitação, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As investigações da Operação Caixa de Pandora também subsidiaram o processo.
Recurso
José Milton Ferreira, advogado de Jaqueline e Weslliane Roriz, disse não ter conhecimento do teor da sentença, mas afirmou que está ;profundamente impressionado e indignado com a condenação;. ;Essa matéria foi julgada em uma ação civil pública com a absolvição de todos, e foi analisada também pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça, que absolveu Liliane Roriz. A situação é a mesma;, argumenta José Milton. ;Vamos recorrer para questionar onde o magistrado teria buscado fundamentos para a condenação, porque, no processo, não existe nenhum elemento;, acrescenta o advogado.
Júlio César de Souza Lima, defensor dos irmãos Cortopassi, adiantou que vai recorrer da sentença, porém não quis comentar detalhes da condenação, porque ainda não teve acesso ao teor do documento. A reportagem não localizou as defesas dos ex-dirigentes do BRB.