Sarah Peres
postado em 19/06/2019 17:16
As duas crianças de 8 e 4 anos e a bebê de 1 espancadas pela tia e o namorado dela continuarão em um abrigo de Planaltina de Goiás até outubro, segundo o Conselho Tutelar da cidade. As agressões ocorreram no fim de maio, na casa onde as vítimas moravam com o casal, após os pais serem presos por tráfico de drogas em Sobradinho. Uma menina de 6 anos, irmã dos pequenos, morreu por traumatismo craniano e um trauma no pescoço, ambos provocados pelos golpes sofridos.
De acordo com Antônio Freire, vice-presidente do Conselho Tutelar, os irmãos estão recuperadas dos maus-tratos e recebem uma rede de apoio. "Elas não parecem mais aquelas crianças famintas e assustadas como antes. Estão completamente transformadas e felizes. Elas recebem tudo o que é preciso, como amor, carinho, comida, aulas e apoio psicológico para lidar com o trauma", afirma.
Conselheiros da região do Entorno acompanham a estadia das vítimas no abrigo. A mãe das crianças ainda não está liberada para fazer visitas aos filhos, assim como o restante da família. "Esta foi a determinação da Vara da Infância da cidade. Por isso, não temos autorização para que os pequenos recebam visitas. Isso só a Justiça pode determinar", destaca Antônio Freire.
Ainda segundo o vice-presidente da entidade, as crianças não comentam muito sobre a irmã que morreu em maio. "Apenas o mais velho falou sobre ela. Ele consegue entender perfeitamente tudo o que aconteceu naquela casa e é uma testemunha muito lúcida. Mas, com os cuidados, ele está bem melhor", garante.
Maus-tratos e fome
As quatro crianças estavam com a tia de 17 anos e o namorado dela, de 19, após a prisão por tráfico dos pais. As vítimas passaram a viver no Setor Aeroporto, em Planaltina de Goiás, município distante cerca de 48km de Brasília. Os irmãos eram espancados e passavam fome. No dia do crime, os suspeitos agrediram as crianças porque elas pediram comida para um vizinho. A adolescente foi apreendida e, o homem, preso em flagrante.
Segundo o delegado Antônio Humberto Soares Costa, coordenador do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Planaltina, as vítimas sobreviventes contaram que foram espancadas com pedaços de madeira e um vergalhão de aço. Agentes apreenderam as armas na casa do casal e encaminharam o material para a perícia.
Após a repercussão do caso, a juíza de direito Lea Martins Sales Ciarlini converteu a prisão preventiva da mãe das crianças em domiciliar, conforme pedido da Defensoria Pública e pelo Ministério Público na audiência de custódia. Em 1; de junho, ela visitou os filhos e prometeu se recuperar para ficar com eles. A mulher estava em condição de rua quando foi detida por policiais de Sobradinho.