Isa Stacciarini
postado em 24/06/2019 15:44
Importante figura na política local, o ex-candidato ao Palácio do Buriti, Paulo Chagas, deixou o PRP, partido pelo qual concorreu ao pleito de 2018. Na disputa ao Governo do Distrito Federal (GDF), o general do Exército Brasileiro surpreendeu ao assumir o 4; lugar, desbancando até mesmo favoritos, como Eliana Pedrosa (Pros). De olho em 2022, pessoas mais próximas já têm o procurado, mas Chagas evita comentar o assunto. "Não quero fazer carreira na política. A minha trajetória profissional eu já tenho. Estou disponível para ajudar e com disposição", frisou.
Em entrevista ao programa CB.Poder ; parceria do Correio com a TV Brasília ; Paulo Chagas opinou ser difícil para o governador Ibaneis Rocha (MDB) atender a todas as promessas de campanha. "Eu não faço promessa, cumpro missão. É impossível, em um mandato, um candidato eleito corrigir tudo o que está errado, mas tem muito mais coisa errada que possa ser corrigida. O que é importante é eleger prioridades e atacar naquilo que é importante", defendeu.
Na ocasião, ele ainda amenizou a relação com o Supremo Tribunal Federal (STF). Crítico ferrenho das decisões dos ministros da Corte, ele é alvo de um inquérito por propagar fake news. Por meio do Twitter, tem o costume de atacar decisões da Corte. Intimado a depor na Polícia Federal, ele enfatizou ter respondido a quase todas as perguntas. "Só não respondi a duas, porque não sabia do que estava sendo acusado", argumentou.
Depois disso, Paulo negou ter tido alguma orientação em mudar a postura nas redes sociais. "Nem me permito ter, porque, se eu mudasse de atitude, estaria me acovardando ou assumindo uma posição de quem tem culpa. Considero a suprema Corte importante para a democracia. Sou democrata, republicano. Quando critico, não critico o STF, mas os ministros que privilegiam, antes de mais nada, a impunidade", defendeu.
Defesa de Moro
Paulo ainda defendeu o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro ; no processo referente ao triplex que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a 12 anos de prisão. Para o general do Exército Brasileiro, as conversas divulgadas entre o então magistrado e integrantes da força-tarefa da operação Lava-Jato foram obtidas ilegalmente.
"Isso que aconteceu poderá vir a influenciar (a decisão dos ministros da Corte), mas não deveria. Essas conversas foram obtidas ilegalmente, em um ato criminoso, e ninguém sabe se o que está ali é verdade. Só serão provas no dia em que forem consagradas como tal", defendeu Paulo Chagas, ex-candidato ao Palácio do Buriti nas eleições passadas.
Paulo Chagas considerou ser "normal" um juiz dialogar com a acusação e, também, com a defesa dos réus. "Nós vemos, por exemplo, ministros da suprema Corte tendo diálogos com pessoas acusadas e presas. Essa conversa, se for verdadeira, me parece absolutamente natural", destacou.
Na opinião do general, o que tem ocorrido é uma tentativa de abalo da imagem do ministro Sérgio Moro. Para ele, um grupo de oposição tem investido na "destruição" de Moro. ;Mas ele está preparado, sabe o que está dizendo. Da maneira com que se comportou diante do Senado, na semana passada, saiu fortalecido. Pessoas que estavam contra ele se mostraram atabalhoada, mas o ministro respondeu com conhecimento de causa, firmeza e elegância.;
Análise governo federal
Em uma análise do governo federal, Paulo Chagas considerou existir uma "guerra de influência" dentro do Palácio do Planalto. Na opinião dele, pessoas com cargo no governo federal têm ambições e vaidade. ;Elas têm pretensões de evoluir nesse ambiente em que estão próximas do presidente e isso influencia a cabeça das pessoas. Não na dos militares. porque eles são preparados para cumprir a missão deles;, alegou.
Paulo Chagas ainda disse não concordar com o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em alguns pontos, como quando ele ameaçou demitir o presidente do BNDES, Joaquim Levy. Mas o general amenizou as atitudes do chefe do Executivo: ;O presidente ainda está se adaptando à nova função. Ele passou 30 anos como deputado, falando por ele mesmo, e nunca se submeteu ao politicamente correto para conquistar as coisas.;
Em referência ao vice-presidente, o general Hamilton Mourão, Paulo Chagas elogiou a preparação do militar do Exército Brasileiro. Amenizou, ainda, o fato dele ser submetido ao presidente, um capitão da Forças Armadas, na hierarquia militar.
;Não se presta respeito a uma pessoa, mas se coloca em relação a autoridade que ele representa. O capitão Bolsonaro é presidente da república e há 30 anos é mais do que um general do Exército Brasileiro na precedência militar, porque ele era um deputado;, frisou. ;A continência a ele prestada, portanto, é desde o momento em que ele foi diplomado deputado;, acrescentou.