postado em 25/06/2019 04:17
Os seis primeiros meses de gestão de Ibaneis Rocha sedimentaram o estilo do governador. Ele demonstra perfil mais centralizador e, entre seus secretários, nenhum tem protagonismo ou destaque. A discrição é a regra entre os integrantes do primeiro escalão, e todas as ações importantes do Executivo local obrigatoriamente passam pela cúpula do Palácio do Buriti. Ibaneis, às vezes, toma decisões e faz anúncios sem planejamento, pegando de surpresa assessores mais próximos. Um exemplo disso é a proposta de restringir o benefício do passe livre, anunciada durante uma entrevista, em fevereiro, sem que os técnicos responsáveis estivessem cientes da divulgação do projeto de lei (veja Linha do tempo).
Ibaneis também demonstrou que não cede facilmente a pressões. Um episódio que demonstra isso foi a manutenção do secretário de Educação, Rafael Parente, no cargo, apesar das reclamações da bancada evangélica. Defensores do programa Escola sem Partido, deputados e grupos conservadores fizeram protesto pedindo a cabeça de Parente. Mas o chefe do Buriti aposta muito no perfil técnico do secretário da pasta e não cogitou voltar atrás.
O primeiro semestre de administração também marcou um período de relações duras com a Câmara Legislativa. Depois de aprovar uma convocação extraordinária da Casa poucas semanas depois da posse, para a votação da expansão do modelo do Instituto Hospital de Base, Ibaneis pareceu ter uma base consolidada. Mas o governador enfrentou meses difíceis no relacionamento com os distritais. Até mesmo projetos para reduzir impostos, que pareciam de aprovação fácil, acabaram ignorados pelos parlamentares.
A pressão por cargos e espaço no governo cresceu e ficou clara a instabilidade da base aliada, o que exigiu negociações isoladas sempre que um tema de interesse do GDF chegava à Câmara Legislativa. Na semana passada, o governador anunciou a retirada do projeto que mudaria as regras do passe livre. Diante da resistência dos parlamentares e de protestos dos estudantes, Ibaneis preferiu fazer a concessão para tentar avançar em outros temas, como a extinção das pecúnias.
Funcionalismo
Com o fim do primeiro semestre do governo, a pressão do funcionalismo público sobre Ibaneis deve crescer. Os sindicatos deram um voto de confiança ao governador e esperaram avanços nas negociações. Mas a tendência é de que a resistência se intensifique a partir de agora, especialmente diante da elaboração de uma Lei de Diretrizes Orçamentárias sem previsão de aumentos salariais ou de contratações.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias e Fundações do DF, Ibrahim Yusef, diz que a categoria está mobilizada, mas aguardará um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os ajustes. Um recurso extraordinário na pauta da Corte avaliará a legalidade de aumentos salariais sem previsão na Lei Orçamentária Anual. O caso estava na pauta de 13 de junho, mas foi adiado para 25 de setembro. ;O governo condiciona o pagamento dos reajustes a uma decisão do Supremo; então, vamos aguardar e torcer para que os ministros do STF façam justiça. Os servidores fazem jus a esse reajuste, aprovado pela Câmara Legislativa em 2013;, explica Yusef.
Com dificuldades orçamentárias e problemas de gestão, Ibaneis deixou claro o desejo de privatizar empresas públicas. O primeiro passo para isso foi a aprovação da mudança por acionistas da CEB Distribuição. Com a decisão, o GDF ficará com, no máximo, 49% das ações da empresa, que acumula prejuízos e corre o risco de perder a concessão. Também estão na mira do governo para privatização o metrô e a Caesb. O Banco de Brasília (BRB) escapou dessa onda. Ibaneis aposta em ações com a instituição para fomentar programas de crescimento e de apoio.
Outra vitória importante do chefe do Buriti para sinalizar a intenção de avançar nas concessões foi a conclusão da licitação do Arenaplex, que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha. Este mês, depois de dezenas de questionamentos do Tribunal de Contas do DF, a concorrência pública foi encerrada.
"O governo condiciona o pagamento dos reajustes a uma decisão do Supremo; então, vamos aguardar e torcer para que os ministros do STF façam justiça. Os servidores fazem jus a esse reajuste, aprovado pela Câmara Legislativa em 2013;
Ibrahim Yusef, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias e Fundações do DF