postado em 26/06/2019 04:17
Policiais civis do Distrito Federal prenderam, em Goiânia e São Paulo, cinco pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em extorquir LGBTs. O grupo filmava encontros íntimos e exigia dinheiro das vítimas para não divulgar os vídeos de conteúdo sexual. Os suspeitos usavam perfis com nomes falsos e, um aplicativo de relacionamento para marcar encontros com os alvos em hotéis de Brasília, Fortaleza e das capitais goiana e paulista. A organização criminosa era formada por três travestis e cinco gays. Até a noite de ontem, três eram considerados foragidos.
Os acusados visavam homens mais velhos, entre 30 e 45 anos, que aparentassem ter alto poder econômico, segundo os investigadores. Alguns integrantes da quadrilha se escondiam no quarto e no banheiro do hotel para filmar os atos. Após a relação sexual, os suspeitos ameaçavam, agrediam e pediam dinheiro para não publicar as imagens em redes sociais. ;Tratam-se de indivíduos extremamente violentos. Mesmo se a vítima colaborasse com a extorsão, era agredida com chutes e soco;, afirmou o delegado, Gleyson Gomes Mascarenhas, chefe da 5; Delegacia de Polícia (Área Central).
A partir dessa intimidação, a vítima entregava o celular, além de senhas do aparelho, das contas bancárias e dos cartões. Os criminosos entravam em aplicativos de bancos, faziam empréstimos e transferências. O grupo usava, inclusive, máquinas de cartões de crédito para fazer as cobranças. Três vítimas registraram boletins de ocorrência em delegacias do DF. Nesses casos, que deram início à investigação da 5;DP, cada vítima teve prejuízo de R$ 15 mil.
Mudanças
A quadrilha aplicava de dois a três golpes por semana, na cidade onde se instalava. ;Eles viviam nos quartos alugados, onde ficavam por um breve período. Nesses hotéis, chegavam a alugar de duas a três suítes, sendo uma delas específica para levar as vítimas;, explicou Gleyson Mascarenhas. ;Quando as pessoas nos aplicativos desconfiavam da conduta do autor que mantinha o perfil, eles logo mudavam de estado. Assim, a rotina continuava. Eles iam e voltavam para aqueles locais;, completou o delegado.
Os golpistas agiram por ao menos quatro meses em Brasília, contudo, apenas três homens procuraram a 5; DP para denunciar os suspeitos. ;Sabemos que há muitas vítimas que não foram identificadas por medo da exposição, contudo, não ocorre a identificação da vítima. É importante que as pessoas nos procurem, deem o depoimento e reconheçam os autores. Não temos interesse algum na vida particular da vítima, mas, sim, no crime sofrido;, ressaltou Gleyson Mascarenhas.
O delegado disse que, quando a vítima era um homem casado, a extorsão se estendia por mais tempo. ;As vítimas iam pagando o grupo para que os materiais pornográficos não chegassem até as companheiras;, comentou Mascarenhas. ;A investigação continua com o objetivo de chegar até as pessoas que disponibilizavam dados pessoais para a criação das empresas fantasmas, usadas para lavar dinheiro. Também temos conhecimento de laranjas no esquema;, assegurou o delegado.
Ostentação
Estão presos desde a manhã de ontem: Marcelo Dias Ferreira, 20 anos; Tifanny Lorrane, 20, nome de batismo Hiago Alves dos Santos; Paulo Henrique Alves Ferreira, 21; Estefanny, 24, nascida Eduardo Sousa Luz Santos; e Anitta, 24, batizada como Paulo Yago Pereira da Silva. Eram procurados: Carlos Henrique Leão Costa, 19; Paulo Rogério Vasconcelos Marques, 20; e Samuel Junio Napoli de Souza, 21.
Todos levavam uma vida luxuosa. Tinham telefones celulares de última geração, iam a festas caras, passavam longas temporadas em praias da região Nordeste, além de realizarem viagens internacionais. Vídeos apreendidos pela polícia mostram o grupo se divertindo em um quarto de hotel luxuoso, com muita bebida alcoólica cara e música alta. Uma das imagens foi realizada por Estefanny, neste ano.
Samuel Junio está em uma viagem a passeio, no Chile. Já Paulo Rogerio esteve em Paris, na França e, conforme a apuração da Polícia Civil, acabou de chegar na Espanha. O paradeiro de Carlos Henrique era desconhecido pelos investidores.
Perícia
Nos locais onde foram feitas a prisões ontem, agentes apreenderam 12 celulares, além de cinco máquinas para cartões. O material será encaminhado à perícia da Polícia Civil. O laudo poderá indicar novas vítimas, assim como dar um parâmetro do valor obtido pela quadrilha com os golpes.
É importante que as pessoas nos procurem, deem o depoimento e reconheçam os autores. Não temos interesse algum na vida particular da vítima, mas, sim, no crime sofrido;
Gleyson Mascarenhas, delegado