Cidades

Projeto acolhe crianças em situação de vulnerabilidade social

As crianças foram afastadas do lar pela Justiça por situações de violência ou negligência

Darcianne Diogo*
postado em 27/06/2019 19:03

Ilustração de crianças dançando em roda

Vinte crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade social e violação de direitos receberão um novo lar a partir de julho. Iniciativa do Grupo de Apoio à Convivência Familiar e Comunitária Aconchego preparou e capacitou famílias para receberem, temporariamente, crianças que foram afastadas judicialmente do núcleo familiar por situações de violência ou negligência.


O processo de capacitação dos familiares interessados dura três meses e consiste em palestras sobre as condições e os perfis para ser uma família acolhedora. Os ensinamentos abordam desde o funcionamento do serviço e importância para garantia do direito da infância até a convivência familiar e comunitária. Até o momento, 10 famílias foram habilitadas.
;O nosso grande desafio é captar pessoas interessadas e que queiram contribuir efetivamente com o projeto social;, explica Júlia Salvagni, coordenadora do projeto. Segundo ela, a iniciativa é uma das maneiras de minimizar os impactos de violação de direitos e melhorar a potência do desenvolvimento infantil.

Após esse processo, é feita uma entrevista inicial, seis encontros de capacitação, uma entrevista em domicílio e um parecer dado pela equipe de especialistas do grupo para os responsáveis. Selecionadas, as famílias são encaminhadas e inseridas em projetos de apoio sociofamiliar, com acompanhamento quinzenal de assistentes sociais e psicólogos.

O período de acolhimento pode durar entre seis e 18 meses, até que o processo judicial defina se a criança voltará para o lar biológico ou se vai para um abrigo. Nesse meio tempo, transmitir amor, carinho e cumplicidade para os pequenos é o legado deixado para os acolhedores.

Quero ajudar

Joicy Muriel, 35 anos, faz parte de uma das 10 famílias que estão aguardando a chegada do ;filho temporário". Ela ficou sabendo da iniciativa de acolhimento por meio de uma amiga e logo se interessou. ;Minha amiga chegou lá em casa dizendo que precisava imprimir um nada consta. Até brinquei, perguntando o que ela tinha aprontado, quando ela me apresentou o projeto. Senti na hora a vontade de participar e pensei: ;Não posso ficar de fora. Quero conhecer isso;;, conta.

A administradora é casada e tem dois filhos de 5 e 8 anos. A família não contestou a ideia de Joicy e se alegrou com a notícia. ;Conversei com meu esposo e com meus filhos e eles aceitaram tranquilamente. Também temos um trabalho social de doação de alimentos, roupas e brinquedos para creches, então nosso coração pulsa em fazer o bem. Não temos como mudar o mundo, mas na vida de uma pessoa podemos deixar um rastro de alegria;, diz.

Mesmo que seja em um curto período de tempo, Joicy pretende deixar um legado para o futuro filho. ;Dentro da minha casa, temos uma relação de amor e cumplicidade e é isso que quero passar. Quero que essa criança se sinta amada e acolhida.;

A empresária Beatriz Araújo, 44, também será uma das acolhedoras. Divorciada e sem filhos, ela conta que não perdeu tempo quando soube da notícia. ;Sou uma mulher apegada aos familiares. Sinto que vou ter uma ótima companhia com a chegada do novo membro.;

Faça parte

A iniciativa de acolhimento do Grupo Aconchego está com inscrições abertas até julho. O próximo curso de capacitação aos familiares ocorrerá no mesmo mês. A data ainda não foi definida e será divulgada no Facebook e Instagram da instituição. Para se inscrever, é preciso residir no Distrito Federal, ser maior de 18 anos, não ter como projeto a adoção, ter disponibilidade afetiva e emocional, não ter antecedentes criminais e habilidade em ser cuidador. As inscrições podem ser feitas por meio de ligação, no número: (61) 3964-5048. Não há cobrança de taxa.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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