Ronayre Nunes
postado em 27/06/2019 20:43
Após a interdição de grande parte da plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto por conta de riscos de desabamento, o Correio foi conferir como as mudanças estão impactando a população no horário de pico, às 18h30, nesta quinta-feira (27/6). Em relação ao trânsito, o sentido Norte-Sul (do shopping Conjunto Nacional até o Conic) está completamente interrompido, entretanto, no sentido contrário as três faixas funcionam, sendo duas para o sentido Norte-Sul e uma para o sentido Sul-Norte. As faixas estão divididas por tapumes e carros do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) estão no local.
O principal problema, contudo, está na alteração das linhas de ônibus. Todas as linhas que estavam na parte superior da Rodoviária (como as de Sobradinho, Sobradinho 2, Planaltina, Varjão e Arapoangas) foram transferidas para a parte inferior. Mesmo com funcionários das empresas informando sobre as mudanças (a reportagem do Correio encontrou cinco despachantes ao longo da plataforma superior), grande parte das pessoas tinha dificuldades de se achar. Todas essas linhas foram aglomeradas na parte inferior ao lado direito da plataforma A (perto da linha 110, da Universidade de Brasília), no espaço antes da travessia para a Rodoviária Interestadual.
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Reclamações
Juliana Teixeira, 19 anos, foi uma das que acabou pega de surpresa pela mudança. "Eu sabia da reforma, mas não sabia que tinha mudado as linhas", comentou a moradora de Planaltina. A desempregada, entretanto, aprova as mudanças se foram para a segurança das pessoas: "É melhor passar por essa confusão do que ter o risco de desabar, né?".
Cleidiane Duraes também estava indignada com a confusão das linhas. "Está horrível, principalmente agora para ir embora. A gente não se acha, eu já desci, mas está superlotado (na parte inferior) e eu resolvi subir mais uma". A esperança da vendedora de 27 anos era pegar um transporte pirata para Arapoangas na parte superior mesmo, que mesmo com a interdição continuou a atuar livremente.
A enfermeira Jaqueline Coelho, 29, aguardava um ônibus para Planaltina e contou ao Correio que foi completamente pega de surpresa. "Eu cheguei e não sabia o que estava acontecendo. Tive de ligar para uma amiga para saber para onde ir, eu não quero descer e ter de enfrentar o tumulto, então vou esperar um pirata mesmo."
Plataforma inferior
"É aqui que estão para onde foram as novas paradas?". No local onde as novas linhas de ônibus estão alocadas, a pergunta que cerca as pessoas é a mesma. Com um leve aceno de positivo dos outros passageiros, grande parte das pessoas que precisam ir para a parte Norte da cidade fica em pé ao lado das seis faixas do Eixão em direção ao Congresso, ao lado da plataforma A.
No meio do tumulto, Elimar do Nascimento, 35, corria os olhos pelos ônibus que passavam em busca de um coletivo em direção a Sobradinho 2. "Ninguém me informou muito bem, já rodei pela Rodoviária toda e estou aqui esperando para ver se passa." Antes de correr para pegar o ônibus que finalmente chega, a degustadora desabafa: "Está um transtorno, viu? A grande impressão é que fica sempre pior, eu não sei como essa situação vai melhorar".
Aguardando um transporte para o Varjão, Matheus Oliveira, 19, contou que a mudança, por mais que necessária, deveria ter sido melhor pensada: "Eles deviam ter se preocupado mais com a organização. Não é assim que funciona, de um dia para o outro mudar todas essas linhas. Tem até motorista de ônibus que não sabe para onde ir, eu vi isso é muito. É de uma hora para outra daí a confusão aumenta".
Sem grandes esperanças para a normalização da situação, a vendedora Juliana Borges, 26, aguardava um transporte para Sobradinho e lamentou o tempo que a reforma deve tomar: "É importante prevenir os riscos, mas isso provavelmente vai durar uns quatro anos. A gente sabe como essas coisas funcionam aqui".
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