Walder Galvão
postado em 30/06/2019 08:00
Os moradores do Distrito Federal já devem ter tirado os casacos do guarda-roupa a esta altura ; afinal, na madrugada de ontem, os termômetros registraram 10;C ;, mas é preciso manter cobertores e jaquetas ao alcance da mão, pois a previsão é de mais frio daqui para a frente, especialmente em agosto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo gelado e seco deve tomar de conta da capital. O inverno brasiliense começou em 21 de junho. Desde 20 de março, início do outono, o tempo passou a mudar, de forma gradual, de quente e úmido para frio e seco.
[SAIBAMAIS];As baixas temperaturas acontecem em função da nebulosidade. Se ela não existir e o céu estiver claro e aberto, o índice nos termômetros sobe;, explica Manoel Rangel, meteorologista do Inmet. O especialista alerta que o ;frio de verdade; ainda não começou. ;A previsão é de que todo o mês de agosto seja gelado e seco. As temperaturas mínimas devem se manter entre 10;C e 11;C. Além disso, o cenário da cidade vai começar a mudar. Hoje, ainda está tudo verdinho, mas a vegetação deve amarelar;, afirma. A expectativa é de que as baixas temperaturas durem até a segunda quinzena de setembro, quando a primavera começa.
O tempo hoje
Depois de uma madrugada gelada, a temperatura subiu ao longo do dia, mas os ventos e o céu nublado mantiveram a sensação térmica baixa ; e a impressão que ficou é de que o indicador do termômetro nem subiu. A expectativa é de que o mesmo quadro se mantenha hoje. A temperatura mínima deve ser de 14;C, e a máxima deve atingir os 26;C durante o período da tarde, momento mais quente do dia. O céu permanece entre claro e parcialmente nublado. A umidade relativa do ar varia entre 90% e 30%. Apesar das baixas temperaturas, o vendedor de picolés João Alves, 48 anos, não se deixa abalar.
;Com esse gelo, o pessoal deixa de comprar especialmente os de frutas e opta pelos de chocolate. Se a gente for esperto, consegue vender o ano todo;, garante. Morador de Luziânia (GO) e comerciante da mercadoria congelada há 12 anos, João conta que teve dificuldade para deixar a cama na manhã de ontem. ;Geralmente, saio de casa por volta das 6h, porém, estava tão gelado que decidi vir trabalhar às 8h. Reforcei a blusa de frio e vim para a rua;, comenta. De acordo com ele, o pior do inverno não é a baixa nas vendas, mas, sim, a seca. ;Faço as vendas na Esplanada dos Ministérios. Por isso, ando muito. Quando a umidade está baixa, fica mais difícil, mas temos que trabalhar;, ressalta.
Saúde
Com o aumento do frio e a baixa na umidade relativa do ar, doenças, como resfriados, gripes e pneumonias, se tornam mais comuns. O infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, explica que, por causa do tempo gelado, as pessoas tendem a se aglomerar mais em ambientes fechados, facilitando a proliferação das enfermidades. ;O frio, na verdade, não é o problema, mas, sim, o aumento da incidência de contaminações;, frisa.
De acordo com o especialista, quando as pessoas tossem, liberam partículas que provocam contaminações. ;Com o tempo seco, a gente fica mais exposto a doenças das vias aéreas. O ideal é umidificar o quarto onde for dormir, beber bastante líquido e evitar grandes aglomerações, se possível;, aconselha. A professora Gisele Santos, 53, afirma que sempre adoece durante o inverno. ;A pior parte do frio em Brasília é o tempo seco. Fico ruim da garganta e não paro de tossir;, conta.
Ontem, ela recebeu um casal de amigos paraenses, o biólogo José Vicente Ribeiro, 53, e a supervisora pedagógica Maria Domingos Ribeiro, 54, que foram surpreendidos com as baixas temperaturas da capital. ;No Pará, o tempo sempre é quente e úmido. Chegamos aqui de manhã cedo. Ele quase não trouxe roupa de frio, está sofrendo;, brinca Maria. Pela primeira vez no DF, o casal só se queixou da baixa umidade. ;A cidade é muito bonita. Mesmo com frio, vamos aproveitar o passeio;, diz.