Caroline Cintra
postado em 06/07/2019 07:00
A greve dos metroviários ultrapassou dois meses, causando um prejuízo superior a R$ 7,4 milhões à Companhia Metropolitana (Metrô-DF). O Tribunal Regional do Trabalho da 10; Região (TRT-10) determinou o funcionamento de 80% do serviço do transporte nos horários de pico, de segunda a sexta-feira, o que equivale a 18 dos 22 trens. Das 8h45 às 19h30 e após esse horário, entre quatro e cinco trens atendem a população. Com a oferta menor de vagões, a estatal transportou 1,6 milhão de usuários a menos do que o esperado para os dois meses.Mesmo após seis tentativas de negociação, a categoria não aceitou as propostas do governo e não há previsão para o término da paralisação. Os metroviários iniciaram a greve em 2 de maio. O TRT-10 mandou o Metrô-DF manter o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com a categoria, até que o dissídio coletivo seja julgado, em 15 de julho. A decisão atendeu a um pedido do Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô-DF). O desembargador do Trabalho Brasilino Santos Ramos determinou que benefícios garantidos pelo acordo ; como auxílio alimentação e plano de saúde ; sejam mantidos até o julgamento do dissídio. ;Também estão em jogo temas sensíveis e relevantes para os trabalhadores, os quais historicamente a ele assegurados;, escreveu o magistrado.
A decisão prevê ainda que a estatal pague multa diária de R$ 5 mil por funcionário prejudicado, em caso de descumprimento. Em 26 de junho, a Justiça mandou o Metrô-DF deixar de descontar os dias parados dos trabalhadores e devolver os valores ;comprovadamente descontados por este motivo;. Segundo o Sindmetrô-DF, a empresa efetuou os abatimentos, ;inclusive de empregados que não aderiram ao movimento;. Os metroviários pedem o cumprimento de sentenças judiciais que determinam aumento dos salários no mesmo índice que a inflação. Eles pedem ainda a manutenção do acordo coletivo firmado em 2017. O sindicato quer ainda um acordo para que a jornada de trabalho dos pilotos mude oficialmente de oito horas para seis horas diárias.
Por meio da sua assessoria de comunicação, o Metrô-DF informou não haver mais proposta a oferecer aos trabalhadores. Agora, aguarda o julgamento do acordo coletivo.
Falha no sistema
No início da tarde desta sexta-feira (5/7), uma falha no sistema de sinalização resultou na superlotação dos vagões e estações, levando mais transtornos aos usuários, que têm convivido com o problema diariamente em função da greve. Das 11h às 13h, os trens rodaram em velocidade reduzida e o tempo de espera ficou acima do normal.A estudante de nutrição Ana Karolyne Alves, 21 anos, pegou um trem na Estação Terminal Samambaia e desceu em Arniqueiras, em Águas Claras. Ela costuma usar o transporte diariamente e afirmou ter encontrado dificuldades no embarque. ;Está mais cheio que o normal e não deram nenhuma informação. No sentido contrário, percebi que os trens estavam cheios da mesma forma. Hoje (desta sexta-feira ; 5/7) foi complicado;, disse.
Moradora de Samambaia Norte, a modelo Milena Oliveira, 23, também usa o transporte diariamente para ir até a agência onde presta serviços, em Águas Claras. Ela observou que, durante a viagem, um fiscal do Metrô-DF entrou no vagão, mas não passou nenhuma informação. ;Ele deu uma volta, olhou e logo saiu sem dizer nada para a gente. Achei estranho, porque no dia a dia esse horário é supertranquilo e vem mais vazio;, relatou.
O estudante de psicologia André Henry Barboza, 18, precisou fazer uma viagem curta, da Estação Concessionárias até Arniqueiras, ambas em Águas Claras, e esperou quase 30 minutos para entrar no trem. Além disso, percebeu que a tela de aviso dos horários também não estava funcionando. ;A gente ficou perdido, porque não tinha informação nem previsão dos horários que eles passariam. Embora já soubesse dos problemas causados pela greve, não imaginei que a espera seria tanta.;
Prejuízo
R$ 7,4 milhões: Valor que o Metrô-DF deixou de arrecadar nos dias de paralisação, por ter transportado;1,6 milhão: de usuários a menos do que o esperado para os dois meses;