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'Não consigo repetir o que ele contou', diz mãe de menino abusado no Guará

Ao Correio, pais de crianças fazem relatos sobre como José Antônio Silva lidava com as crianças na comunidade

Vizinhos e conhecidos do catequista José Antônio Silva contaram ao Correio que estranhavam a relação dele com as crianças, mas que nunca denunciaram nada por falta de prova ou mesmo por não acreditar que ele seria capaz de abusar sexualmente de alguém. ;Sempre achei estranho ele andando com tantas crianças, mas ele era da igreja, como íamos imaginar? Meu menino jogava bola e esta semana me contou que o Toín havia pedido para ele pegar no pênis dele, mas que ele recusou;, contou ao Correio um dos pais que denunciou José Antônio. O filho dele tem 11 anos. José Antônio Silva é acusado de abusar sexualmente de mais de 20 crianças no DF.

A presença dele na igreja também trouxe confiança a uma mãe de uma das supostas vítimas. ;Um dia estava na igreja e o vi em cima do altar, todo de branco, não consegui imaginar aquele homem fazendo mal a ninguém. Foi quando comecei a deixar meu filho, de 8 anos, andar com ele;, lamentou a mulher. Ela esteve na delegacia nesta terça-feira (9/7), mas ainda não formalizou uma denúncia. A mulher tem conversado com o garoto, que demonstra medo.

[SAIBAMAIS]A mãe de outra suposta vítima conta que o filho, de 9 anos, morava com a vó, na QE 40, quando ele conheceu José Antônio. ;Minha mãe tem problema na perna e Toín se ofereceu para levar ele todos os dias na escola. Isso acontecia desde o início do ano. Quando o caso estourou na mídia, pressionei o meu filho e ele me contou o que estava acontecendo. Não consigo repetir o que ele disse;, desabafou. Ela também esteve nesta terça-feira (9/7) na 4;DP. Para a polícia, não há dúvida de que o menino foi violentado.

De acordo com a mulher, o comportamento da criança mudou. ;A professora dele me chamou para conversar, disse que ele estava disperso e perguntou se ele estava com algum problema. Meu menino sempre foi apaixonado por futebol, desde que nasceu. Há um mês, ganhou o uniforme oficial do Flamengo, mas não quis usar e disse que não jogaria mais. Comecei a estranhar;, contou a mãe.

Ela comentou que o filho não conseguiu contar a história para a tia ou para a vó, com quem mora. ;A gente que é mãe sabe quando tem algo errado. Dava para ver nos olhos dele o que tinha acontecido. Agora, vamos procurar apoio da polícia e psicológico.;
A reportagem foi à casa do acusado, mas a esposa dele se mudou há cinco dias e não foi localizada. A paróquia onde José era catequista informou que não comentará o caso.

DF tem 140 casos

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) registrou 140 ocorrências de estupros contra vulneráveis nos cinco primeiros meses de 2019. Em comparação a igual período do ano passado, o número de casos caiu 21,8%, quando houve 170 registros.